Rede de Apoio à mulher mastectomizada

Resenhado por Sara Andrade

Canieles, I. M., Muniz, R. M., Corrêa, A. C. L., Meincke, S. M. K., & Soares, L. C. (2014). Rede de apoio à mulher mastectomizada. Revista de Enfermagem da UFSM4(2), 450-458.

A rede social pode ser compreendida como o conjunto de vínculos e conexões existentes na vida das pessoas. Geralmente é constituída pelas pessoas com quem se interage regularmente, sejam elas familiares, vizinhos, amigos, profissionais de trabalho, ou colegas. Essa rede de apoio é influenciada por outras redes, e comumente também as influencia. Sendo ela uma parte importante do “suporte social” como um todo, compreende-se que pessoas acometidas por doenças graves, por exemplo, o câncer de mama, necessitam com maior frequência de uma dose do apoio emocional, e até material, cedido por esse tipo de grupo, na lida constante com a doença e com o tratamento exigido.
Sabe-se que a mulher que sofre com o câncer de mama se vê diante de inúmeras dificuldades, desde aquelas referentes à nova percepção de sua autoimagem e alterações corporais impostas pelo tratamento da doença, até aquelas voltadas aos fatores psicossociais, que envolvem uma série de alterações na vida diária e impacto significativo na interação desta com o meio social. Segundo dados já levantados na literatura deste tema, verifica-se que a rede de apoio é um recurso extremamente relevante na vida de mulheres que foram submetidas à mastectomia. Verificado isto, Canieles, Côrrea, Meincke & Soares (2014) buscaram através de estudo qualitativo, de caráter descritivo e exploratório, identificar a rede de apoio de cinco mulheres sobreviventes ao câncer de mama, submetidas à mastectomia parcial ou total, e participantes de um grupo de apoio localizado em Pelotas, no Rio Grande do Sul.
Por meio das entrevistas semiestruturadas, descobriu-se que o grupo de apoio dessas mulheres englobava família, amigos, religião e o grupo Mama Viva (grupo de apoio ao qual faziam parte). Na questão da família, foram identificados dois tipos de reação: uma de medo e pânico por causa da percepção da doença, que pode exigir a retirada da mama da mulher acometida pelo câncer; e a outra reação, foi a de apoio imediato e compreensão. Esta segunda, que gerou relatos emocionados e agradecidos, e foi percebida como mais relevante na experiência das mulheres. De igual modo, as mulheres perceberam como importante o apoio do marido na experiência da doença, e salientaram que receber esse apoio ajudou na compreensão de que perder a mama não ocasionaria o término do relacionamento sexual.
Outro aspecto importante no enfrentamento da doença foi o recurso religioso, as mulheres perceberam a fé como um bom suporte na nova vida imposta pelo câncer. Também os grupos de apoio, como o Mama Viva, foram percebidos como potencializadores de recursos de enfrentamento e produtores de percepções mais positivas sobre os eventos estressores. Conjunto a isso, elas ressaltaram o valor informativo desses grupos referente à doença e o tratamento, bem como o impedimento da exclusão social que representam. Os amigos também entraram na lista da rede social, e figuraram como importantes na perpetuação dos papéis sociais que elas desempenhavam.
O conhecimento da relevância da rede social, e do suporte que esta proporciona, é foco de estudo da Psicologia da Saúde, à medida que possibilita a produção de novas práticas voltadas ao acolhimento dessas mulheres acometidas pelo câncer de mama, possibilitando-as a percepção de sentido na luta pela saúde, e também uma redescoberta da vontade de viver.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.