Estresse e suporte social em mães de crianças com necessidades especiais
Resenhado
por Joelma Araújo
Matsukura, T. S., Marturano, E. M., Oishi, J., Borasche, G. (2007) Estresse e
suporte social em mães de crianças com necessidades especiais. Revista Brasileira de Educação Especial, 13,
415-428.
A
saúde dos cuidadores de crianças com necessidades especiais é algo que vem
sendo investigado há poucas décadas, a partir da avaliação do papel de cuidadores,
do impacto da doença, dos cuidados com a criança, e através da busca por compreender
e identificar as estratégias de enfrentamento
utilizadas por cuidadores e crianças. Segundo pesquisas, as famílias
apresentam resultados diferentes em relação aos recursos utilizados para lidar
com a situação de ter uma criança acometida por uma deficiência ou problemas
crônicos de saúde, e também maneiras diversas de perceber os desafios
decorrentes dessa situação.
A presença de uma condição ou
situação onde existe uma acentuada diferença entre as demandas externas ao
organismo e a avaliação do indivíduo sobre sua capacidade em responder a elas,
caracteriza o estresse, processo pelo qual muitos cuidadores são acometidos. Segundo
Medeiros, Ferraz e Quaresma (1998), não necessariamente o cuidador considerará
a demanda como um estressor, pois as avaliações irão depender do contexto que
envolve o cuidador, o doente e o ambiente familiar. Segundo Flynt, Wood e Scott
(1992), dentre as variáveis que moderam a adaptação familiar ao estresse de ter
uma criança com deficiências, status da família antes do nascimento da criança,
disponibilidade de recursos financeiros e suporte social, é o suporte social que
tem um maior impacto nesta adaptação.
Como a maioria dos estudos aponta, são
as mães que ficam encarregadas de viabilizar os tratamentos e dedicar a maior parte
do tempo aos cuidados com a criança, o que as deixa sobrecarregadas, pois, além
de cuidar da criança, tem de exercer vários outros papéis dentro da sociedade. Quando
a família é de baixa renda, a situação pode ser ainda mais agravante. Por isso,
o objetivo desse estudo foi avaliar a associação entre estresse e suporte
social em mães de crianças com necessidades especiais e mães de crianças com
desenvolvimento típico, em famílias de baixa renda.
O
estudo foi quantitativo com amostra de 75 mães de crianças com idade entre
quatro e oito anos, com renda familiar de até quatro salários mínimos, alocadas
em dois grupos: mães de crianças com desenvolvimento típico e mães de crianças
com necessidades especiais. As participantes responderam ao Inventário de
Sintoma de Stress e ao Questionário
de Suporte Social. Os dados mostraram que em ambos os grupos, houve uma elevada
porcentagem de mães estressadas. Mães de crianças com necessidades especiais
contam com menos suporte social. Observou-se também associação negativa entre estresse
e satisfação com o suporte social.
Os autores discutiram que
o presente estudo confirmou achados de pesquisas anteriores, identificando o papel
do suporte social nos processos de adaptação familiar. A associação encontrada
entre a satisfação com o suporte social e o estresse aponta para adequação da implantação de programas de intervenções em saúde para famílias de crianças com
necessidades especiais. Dessa forma, considerando os efeitos protetores do
suporte social contra o impacto das situações estressoras, o que o torna
fundamental para a adaptação familiar, evidencia-se a importância da prática
psicológica dos profissionais da área da Psicologia da Saúde, está voltada
também para a promoção de intervenções voltadas para mostrar às famílias a
importância do suporte social.
Nenhum comentário: