Modelos de Comportamento: A Teoria da Ação Racional
Resenhado por Laís Santos
Stroebe,
W. &Stroebe, M.S. (1995). Psicologia
Social e Saúde. Instituto Piaget. 50-70.
A Teoria da Ação Racional (TAR) foi
desenvolvida,em 1975, por Fishbein e Ajzen. Ela propõe que o comportamento é
função da intenção comportamental. De acordo com esse modelo, a intenção é
permeada pelas atitudes relativas à ação específica e pelas normas subjetivas.
As atitudes relativas à ação
específica são formadas pelas crenças e avaliações acerca do resultado do
comportamento. Deixar de beber, por exemplo, está associado à percepção da
probabilidade de suas consequências. Essa percepção só afetará o comportamento
se o sujeito chegar à conclusão de que os efeitos negativos podem recair sobre
ele. Quanto às normas subjetivas, entende-se que são o modo como as pessoas
importantes para nós, esperam que nos comportemos. Assim como nas atitudes
relativas ao comportamento, as normas só influenciam àqueles que estiverem
dispostos a cumpri-las.
As atitudes podem ser modificadas
através de interferências ambientais, aumento do custo do comportamento
negativo, ou até mesmo através da persuasão – convencer o sujeito das consequências
negativas às quais ele está exposto. Com relação ao aumento do custo, há certa
relatividade: o que pode ser muito caro para um, pode não ser para o outro. Por
exemplo, nem sempre aumentar o custo de cigarros ou mesmo de bebidas alcoólicas
será suficiente para erradicar os comportamentos de fumar e beber. Portanto,
entende-se que a pessoa precisa estar consciente das mudanças e o custo
financeiro tem de ultrapassar os benefícios, caso contrário, este ajuste de
custo não surtirá efeito.
Dar maior ênfase as atitudes ou as
normas subjetivas dependerá do peso que estes dois fatores exercem sobre o
comportamento. Por exemplo, a prática de aborto, furto e assassinatos são
comportamentos que parecem ser mais afetados pelas normas subjetivas do que o
uso de métodos contraceptivos e a
amamentação. Nos primeiros exemplos, é evidente que a pressão social é muito
maior, e, portanto, tem maior influência na previsão destes comportamentos do
que no exemplo posterior.
Empiricamente, há uma correlação
média relativa à previsão das intenções com as atitudes e normas de 0,68 e uma
correlação média das intenções e a previsão do comportamento de 0,62.
Entretanto, este modelo acaba restringindo os fatores que influenciam as
intenções comportamentais, sendo que há muitos outros. O comportamento passado
é um destes fatores não citados por Fishbein e Ajzen. Ele interfere na previsão de comportamentos
futuros, mesmo quando as intenções são controladas estaticamente.
É importante entender que a TAR propõe uma descrição teórica dos fatores que determinam as
intenções comportamentais. Entretanto, a execução da ação não depende apenas
disso, mas também, do controle volitivo. A outra limitação deste modelo está em
utilizar os comportamentos que estão sobre o total controle do sujeito. Sabemos
que são raros os comportamentos que se enquadram nesta descrição. Portanto,
esta restrição acaba excluindo os comportamentos que demandam aptidões,
capacidades, oportunidades e a cooperação dos outros.
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