Fragilidade Social e Psicologia da Saúde

Resenhado por Marcelle Leite

Teixeira, J. A. Carvalho e Correia, A..R. Fragilidade social e psicologia da saúde: um exemplo de influências do contexto sobre a saúde. Aná. Psicológica [online]. 2002, vol.20, n.3, pp. 359-365. ISSN 0870-8231.

 O intuito do artigo é chamar atenção para a importância de atenuar o stress frente às diversas situações de fragilidade social, sendo necessário o enfoque, também nas diferentes intervenções de reabilitação e inserção social.
As práticas em psicologia da saúde são muito diversas em suas organizações. É válido ratificar a centralização dos serviços de saúde na medicina, havendo, também uma focalização na doença, exceto pelas práticas da psicologia que evidenciam a promoção da saúde (prevenção de doenças primárias e na mudança dos comportamentos dos doentes). O artigo aponta para a necessidade de se ter uma orientação psicossocial, devido à perspectiva que evidencia a influência dos fatores sociais, culturais e ambientais nos comportamentos.
Assim, estudos psicológicos sobre distintas visões de proteger a saúde e de lidar com a doença em indivíduos advindos de distintos contextos sociais e culturais são fundamentais para psicologia. O presente artigo aborda o contexto de fragilidade social e sua relação com a saúde. Sendo conceituada como situações onde se há o risco de ruptura da integração (equilíbrio entre o indivíduo e o meio). Esta situação pode constituir a fase inicial do processo de exclusão social (definido pela presença de rupturas sucessivas). São exemplos de fragilidade social: a pobreza, desemprego de longa duração, doenças mentais entre outras.
Além da fragilidade social, outro fator que influencia a saúde é o fator socioeconômico, devido às diferenças que existem entre as classes sociais como o nível de stress, coesão social, controle social, os hábitos alimentares, a concentração de comportamentos de risco a saúde (tabaco, álcool e sedentarismo), exposição a situações violentas, condições de trabalho entre outros fatores.
As diferenças entre as classes sociais atingem até a definição de saúde, as classes menos favorecidas têm uma visão solitária de saúde (restringi ao físico), as classes favorecidas têm uma visão dualista (integra o físico e o mental) e as classes elevadas têm uma visão múltipla (integra o físico, mental, emocional, social e espiritual).

Verifica-se influência do gênero em relação à saúde (as doenças apresentam-se em diferentes frequências), já que percebe-se distinção em relação ao estilo de vida como é o caso de mulheres vítimas de violência doméstica e ou sexual que desenvolvem stress pós-traumático.
Diante dos argumentos citados, a influência cultural, o conceito de saúde e a forma de lidar com a doença variam de acordo com a cultura. Em grupos minoritários, algumas doenças (diabetes, obesidade e stress) têm riscos acrescidos. Enfim, o stress pode afetar a saúde, por ser um fator de risco para o desenvolvimento de doenças e seus efeitos podem ser psicofisiológico ou comportamentais. O stress está atrelado à fragilidade social, como por exemplo, no caso em que após uma situação estressante não havendo um conforto social, acaba-se por aumentar a sua intensidade.

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