Psychological distress as a risk factor for cardiovascular events: Pathophysiological and behavioral mechanisms.


Resenhado por Geovanna Souza

Hamer, M., Molloy, G. J., & Stamatakis, E. (2008). Psychological distress as a risk factor for cardiovascular events: Pathophysiological and behavioral mechanisms. Journal of the American College of Cardiology, 52, 2156-2162.

Há inúmeros fatores psicossociais que podem interferir na hipertensão arterial, tais como os hábitos de saúde, o estresse e a ansiedade. Eles podem se constituir como variáveis psicológicas de vulnerabilidade para a hipertensão arterial, apesar de não haver ainda nenhuma comprovação científica. Diversos estudos buscam investigar a relação do estresse psicológico com as doenças cardiovasculares, e conhecer quais os impactos que um exerce sobre o outro.
É importante que se conheçam os modos como os processos comportamentais e fisiológicos interferem na relação entre estresse e doenca cardiovascular. Assim, a compreensão desses processos torna-se essencial para o tratamento de distúrbios psicológicos em uma tentativa de reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
O presente trabalho procurou estudar até que ponto os fatores de risco comportamentais e fisiopatológicos poderiam explicar a associação entre estresse e incidentes cardiovasculares. Para isso, o estudo utilizou uma metodologia prospectiva, ao longo de sete anos. Sua amostra foi composta por 6576 participantes escoceses de ambos os sexos, e com média de idade de 51 anos. Os participantes foram convidados a participar da pesquisa por caixa postal e por endereço. Eles foram selecionados de acordo com caracteristicas demográficas e fatores de risco semelhantes.
Os pesquisadores buscaram medir os níveis de estresse psicológico e marcadores fisiológicos para hipertensão. Para isso, o instrumento utilizado para medir o estresse psicológico foi o General Health Questionnaire (GHQ-12) e uma medida de auto-relato composta por 12 itens que incluem questões sobre nível de felicidade, ansiedade, depressão e perturbações do sono nas ultimas 4 semanas. Buscou-se também investigar a história clínica dos participantes e as caracteristicas demográficas, bem como comportamentos relacionados à saúde.  A interpretação dos resultados se basearam numa escala bimodal, ou seja, na ausência ou presença de sintomas.
O principal resultado a ser avaliado foi a ocorrência de eventos cardiovasculares, fatais e não fatais. Durante a pesquisa (7 anos) ocorreram um total de 223 episódios de doenca cardiovascular, sendo 63 fatais. Apresentando os principais resultados da pesquisa, foi observado que o risco de doença cardiovascular aumentava quando havia presença de estresse em modelos ajustados tanto por idade, quanto por sexo, e os fatores comportamentais (atividade física, alimentação saudável) explica melhor esse fenômeno do que os fatores fisiológicos. Dessa forma, a associação entre esses dois fenômenos (estresse e doenças cardiovasculares), foi em grande parte explicada pelos aspectos comportamentais, devendo haver um foco em mudanças de comportamentos para se promover saúde.

Vale ressaltar que os estudos apresenta suas limitações, uma vez que o nível de estresse só foi medido uma única vez e juntamente aos aspectos fisiológicos. É sugerido pelos autores que se usem em novos estudos, medidas clínicas como complemento da avaliação dos sintomas depressivos, que podem exercer influência junto a esses construtos apresentados até aqui. Deve-se aprimorar também o estudo desses aspectos comportamentais, a fim de obter dados mais específicos a respeito de seus benefícios e malefícios. 

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