Satisfação Conjugal prediz ganho de peso no início do casamento
Resenhado por Lucila Moraes
Meltzer, Andrea L.; Novak, Sarah A.; McNulty, James K.; Butler, Emily A.; Karney, Benjamin R. (2013) Marital
satisfaction predicts weight gain in early marriage. Health
Psychology, Vol 32(7), 824-827. doi: 10.1037/a0031593.
O
estudo teve como objetivo avaliar se a satisfação do casal está associada
positiva ou negativamente com o aumento de peso. Apesar de o casamento ser
constantemente associado com inúmeros benefícios à saúde, ele também se associa
a um risco de saúde em específico, se comparado com casais não casados, que é a
elevada chance de aumento de peso.
As
teorias e pesquisas existentes ressaltam o papel da satisfação do casal no
matrimônio em tal aumento de peso, porém eles divergem quanto à como se dá essa
relação entre satisfação e aumento de peso. O Modelo de Regulação da Saúde
sugere que relacionamentos satisfatórios facilitam o apoio e regulação
funcional do casamento, promovendo assim, saúde. Assim, casais devem ser mais
propensos a ganho de peso quando a satisfação de um dos parceiros diminui, pois
a tensão conjugal causa estresse, o que interfere na autorregulação. Ou seja,
assim como novos casais têm o risco de ganho de peso, eles também têm o risco
de sofrer um declínio na satisfação matrimonial.
Outra
teoria é a do Modelo de Mercado do Acasalamento, é baseado na ideia de que a
manutenção de peso é motivada, primeiramente, pelo desejo de atrair um
parceiro. Especialmente, porque recém-casados satisfeitos já atraíram seu
parceiro desejável, eles não passam a se preocupar tanto com exercícios ou
dietas. Assim, bem como as pessoas priorizam serem magras antes do casamento ou
quando este acaba, os cônjuges podem priorizar serem magros quando um dos
parceiros está insatisfeito com o casamento, como forma de atrair novamente a atenção
de um parceiro. Um estudo feito por Lundborg, Nestedt e Lindgren (2007),
comprovou bem esta teoria demonstrando que pessoas casadas em países com alto
índice de divórcio pesam menos que aqueles que se encontram em países com
baixas taxas de divórcio.
O
estudo comparou ambos os conceitos, levando em consideração que cada pessoa,
individualmente, pode estar associada a uma dessas teorias, dependendo de como
esta reage a situações de estresse matrimonial e insatisfação no casamento. O
presente estudo então se inspirou em oito ondas de dados de casais
recém-casados durante seus quatro primeiros anos de casamento para avaliar as
duas possibilidades. Foram recrutados para o estudo 169 recém-casados pela
primeira vez e sem crianças, para um estudo longitudinal do casamento. Em
média, os maridos tinham 25.6 anos e as mulheres 23.4 anos. Foi enviado aos
casais um pacote de questionários, que continham um autorrelatório de peso e
altura, satisfação conjugal, estresse conjugal, passos dados para o divórcio (propensão
ao divórcio), e diversas covariáveis. A cada 6 meses, pelos próximos 4 anos ( 8
ondas de dados no total), os casais completavam as mesmas medidas primárias e
eram pagos entre 40 a 70 dólares.
Os
resultados confirmaram a teoria do Modelo de Mercado do Acasalamento para dar
conta das associações entre satisfação conjugal e ganho de peso no início do
casamento. Quando o sujeito ou seu cônjuge estão mais satisfeitos que o usual, eles
ganham pesam, e quando ele ou seu parceiro estão menos satisfeitos que o
habitual, eles perdem peso, confirmando a ideia de que casais estão mais
propensos a perder ou manter o peso quando confrontados com a possibilidade de
ter que achar um novo parceiro. Essas associações foram medidas por mudanças no
grau de como cada cônjuge contempla o divórcio ao longo dos quatro anos de
estudo. Essa teoria derruba a ideia de que todo relacionamento de qualidade
promove, necessariamente, a saúde do casal; sugerindo na verdade que
relacionamentos mais românticos e satisfatórios podem ter um importante
estimulador para manutenção de peso, que é o desejo de atração do parceiro.
Este
estudo se mostrou muito interessante, por tentar sistematizar e aprofundar melhor
as teorias de associação entre satisfação matrimonial e ganho de peso, dando um
direcionamento sobre quais das duas teorias se mostrou mais presente durante o
processo. A leitura é recomendada para todos que se interessarem no assunto em
questão, principalmente pessoas casadas, divorciadas ou em um relacionamento
sério.
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