Prevenção do comportamento suicida



Resenhado por Iracema R. O. Freitas


Botega, N. J., Werlang, B. S. G., Cais, C.F.S., & Macedo, M.M.K. (2006).Prevenção do comportamento suicida. PSICO, 37,213-220.


O suicídio tem se localizado entre a segunda ou terceira causa de morte entre jovens adultos e adolescentes, fenômeno que representa um problema de saúde pública. O dano atinge não apenas a vítima do suicídio, como também os familiares que são afetados pelo sofrimento de ter perdido um dos seus membros.A morte é considerada um fenômeno natural, contudo ao se tratar do sofrimento psíquico, o comportamento suicida aparece como uma alternativa para dar fim a uma dor psíquica insuportável. Um estudo retrospectivo na área de suicidologia aponta que em média 60% das pessoas mortas por suicídio nunca o haviam tentado antes,quanto aos que morrem por suicídio, 50-60%, nunca consultaram um profissional de saúde mental ao longo da vida e que com base nas evidências proporcionadas por entrevistas com familiares e amigos, bem como por documentos médicos e pessoais, um diagnóstico psicopatológico pode ser feito em 93-95% dos casos de suicídio, notadamente transtornos do humor (40-50% dos casos de suicídio tinham depressão grave), dependência de álcool (em torno de 20% dos casos) e esquizofrenia(10% dos casos).
A dimensão do comportamento suicida tem sido analisada com base em levantamentos da Organização Mundial da Saúde, constatando que a América do Sul apresenta menores coeficientes de mortalidade por suicídio, do que a América do Norte e Europa. No entanto, emestudo de base populacional que fez um levantamento sobre a dimensão de idéias, planos e tentativas de suicídio em países em desenvolvimento, organizado e publicado pela Organização Mundial da Saúde, e que teve o Brasil como um dos países participantes, os resultados apresentaram que dentre os que se suicidaram, 55% tinha menos de 40 anos de idade e o suicídio responderam 0,8% de todos os óbitos da população brasileira em 2004. Dentre os obstáculos para se ter uma maior precisão dos resultados estão as subnotificações cujo controle sob as tentativas de suicídio se limitam a dados oficiais, isso porque não existe nenhum registro que monitore a dimensão real do suicídio e dos problemas vinculados a ele.
Quanto aos fatores de proteção, os autores citam bons vínculos afetivos, sensação de estar integrado a um grupo ou comunidade, estar casado ou com companheiro fixo, ter filhos pequenos e maior envolvimento religioso de um modo geral colabora com menores taxas de suicídios, além de auxiliar no enfrentamento de doenças graves. Já entre os fatores de risco estão certos transtornos mentais (depressão, alcoolismo), perdas recentes, perdas de figuras parentais na infância, dinâmica familiar conturbada, personalidade com fortes traços de impulsividade e agressividade, certas situações clínicas (doenças crônicas incapacitantes, dolorosas, desfigurantes) e ter acesso fácil a meios letais.
A prevenção do comportamento suicida não compete apenas aos profissionais da psicologia e psiquiatria, os demais técnicos e profissionais de saúde também podem desenvolver ações que envolvam serviços de conscientização e assistência, contribuindo para os programas de prevenção e identificação precoce do risco de suicídio de acordo com a vulnerabilidade peculiar a cada público alvo, em que a proposta de enfrentamento do sofrimento e das patologias impeçam que o tirar a própria vida seja consideradacomo a melhor solução para seu problema.

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