Risco de suicídio em jovens com transtornos de ansiedade: estudo de base populacional


Resenhado por Laís Santos


Rodrigues, M.E.S, Silveira, T.B., Jansen, K., Cruzeiro, A.L.S., Ores, L., Pinheiro, R.T., ... (2012). Risco de suicídio em jovens com transtornos de ansiedade: estudo de base populacional. Revista Psicologia - USF, 17(1), 53-62.


O suicídio é uma temática relativamente pouco discutida, mas que abarca muitos indivíduos. A fase da adolescência e o início da juventude por si só, são períodos de constantes transformações, tanto de ordem física quanto psíquica. Atrelado a isto, encontra-se uma sociedade em constante evolução, novos contextos, novas formas de relação, novos modos de organização familiar. Desse modo, alguns jovens acabam estando mais suscetíveis às pressões externas, e, em alguns casos, os pensamentos de fuga se tornam cada vez mais constantes.
De acordo com alguns estudos, os transtornos de ansiedade são os mais comuns entre os transtornos psiquiátricos, além disso, acredita-se que eles estão relacionados ao risco de suicídio. Pensando nisto, o estudo em questão objetivou verificar a relação entre os transtornos de ansiedade e o risco de suicídio, em adolescentes entre 18 e 24 anos, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul.
O estudo teve um caráter populacional, com amostra de 1621 jovens, da zona urbana da cidade de Pelotas. Os instrumentos utilizados foram uma entrevista estruturada contendo questões referentes à saúde e comportamento dos jovens. Um questionário abordava dados sobre sexo, idade, estado civil, cor, escolaridade, moradia, atividade laboral, religiosidade, história familiar, comportamento no trânsito, comportamentos violentos, condições de saúde, comportamento sexual e outros comportamentos de risco à saúde. A condição socioeconômica foi aferida mediante o instrumento da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – ABEP. O bem estar psicológico foi mensurado por meio da Escala de Faces de Andrews. A avaliação do consumo de substâncias como o álcool, cigarro, entre outras, foi o Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test – ASSIST. Por fim, o teste utilizado para aferir a presença de algum transtorno de ansiedade foi o Mini Internacional Neuropsychiatric Interview 5.0.
Os resultados principais apontaram que a maioria dos jovens se denominou de cor branca (73,6%), sem relacionamento estável (71,9%) e de condição socioeconômica mediana (48,1%). No que se refere ao consumo de substâncias nos últimos três meses, 73,2% dos jovens relataram ter consumido álcool, 31,7% cigarro e 12,8% drogas ilícitas. A prevalência de algum transtorno de ansiedade foi de 20,9%, assim como o risco de suicídio estava presente em 8,6% da população em questão.
Um dado relevante constatado foi o de que o risco de suicídio era maior entre as mulheres, de classe social mais baixa, com baixa escolaridade e filhos de pais separados. Outro ponto interessante foi o de que os sujeitos que explanaram o consumo de tabaco e drogas ilícitas, apresentaram maior risco de suicídio, em relação àqueles que não faziam o uso. Além disso, os jovens que tinham histórico familiar com presença de transtornos mentais, bem como, aqueles que apresentam doenças crônicas e/ou fazem uso de medicamentos controlados, também apresentaram maior risco ao suicídio.
Em suma, os dados apresentados por este estudo, ressaltam a importante associação entre os transtornos de ansiedade e o risco de suicídio. Existem na literatura poucos estudos de cunho populacional, como este, que nos dão um panorama geral a respeito da saúde dos indivíduos. Os fatores apresentados, como sexo, nível
socioeconômico, uso de drogas, entre outros e sua relação significativa com o risco de suicídio revelam-nos que há a necessidade de mais estudos que nos indiquem quais fatores estão mais relacionados ao risco de suicídio. Com estudos assim, certamente as estratégias de prevenção e assistência a esse público em questão serão elaboradas com base em evidências precisas e tenderam a ter maior assertividade.

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