Qualidade de vida, sintomas depressivos e religiosidade em idosos: Um estudo transversal.
Resenhado por Lucila Moraes
Chaves, É. C. L., et al. (2014). Qualidade de vida, sintomas depressivos e religiosidade em idosos: Um estudo transversal. Texto & contexto enfermagem, 23, 648-655.
O Brasil vive uma mudança social quanto ao número de idosos no país. Estima-se que cerca de 10% da população brasileira seja idosa e os números só tendem a aumentar com o passar dos anos. Levando em consideração essa nova configuração social, aumentam-se os desafios enfrentados por pessoas dessa faixa etária, como surgimento de doenças crônicas e enfermidades, que influenciam em sua qualidade de vida (QV) e podem levar ao desenvolvimento de sintomas depressivos.
A qualidade de vida é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o modo que o indivíduo percebe sua posição na vida, dentro de sua cultura e sistema de valores. Já a depressão é um distúrbio na área afetiva ou do humor. O diagnóstico da depressão nos idosos é mais difícil do que em outras faixas etárias, pois muitos profissionais da saúde acreditam que tais sintomas depressivos sejam normais em idade avançada, ignorando o problema dessa população e muitas vezes agravando o quadro depressivo. A religiosidade diz respeito ao quanto um sujeito acredita e pratica uma determinada religião ou crença. Estudos apontam uma forte ligação entre a religiosidade do idoso e uma melhor adaptação à sua condição de dependência, o que contribui para seu equilíbrio pessoal.
O estudo pretendeu investigar a relação entre qualidade de vida e sintomas depressivos com a religiosidade em idosos. Para isso, participaram 287 idosos com idade igual ou superior a 60 anos, que se encontravam na unidade Estratégia Saúde da Família, localizada no interior de Minas Gerais. Foram utilizadas a Escala de Qualidade de Vida de Flanagan (EQVF); Escala de Depressão Geriátrica abreviada-15 (EDG); Escala de Religiosidade de Duke (DUREL); bem como um formulário contendo informações sociodemográficas, para caracterizar a amostra.
Os resultados mostraram que os sintomas depressivos foram prevalentes em 88% dos idosos (83% depressão leve e 5% depressão severa). Apesar disso, 92% dos entrevistados afirmaram que estavam satisfeitos com sua vida. Em relação à religiosidade, 97% dos participantes consideraram a religião muito importante em suas vidas. Observou-se nos resultados também, que o coeficiente de religiosidade associou-se de forma positiva e direta à qualidade de vida dos idosos, porém essa relação não se verificou entre a religiosidade e sintomas depressivos.
No geral, a relação existente entre o coeficiente de religiosidade e a qualidade de vida do idoso sugere que altos níveis de envolvimento com a religião estão associados positivamente aos indicadores de bem estar psicológico, felicidade e afetos positivos. Constatou-se também que o idoso reconhece a religião como parte importante de sua vida, o que pode ajudar no desenvolvimento de projetos que enfatizam a questão da religiosidade do idoso, como forma de melhorar sua qualidade de vida, respeitando a crença (ou não) que cada um possui.
Ao entender que a religiosidade é uma parte importante no cotidiano do idoso e que pode ser usada como possível estratégia de enfrentamento deste para adversidades e limitações de sua idade (como dependência, doenças e problemas financeiros), é possível
direcionar a atenção do profissional da saúde ou cuidador à questões religiosas, promovendo uma melhoria da qualidade de vida dessa população crescente no Brasil.
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