Determinantes do Bem-Estar Subjetivo



Resenhado por Edryenne Matos

Woyciekoski, C., Stenert, F., Hutz, C. S. (2012). Determinantes do Bem-Estar Subjetivo. Psico, 43(3), 280-288.

O bem-estar subjetivo é um conceito estudado e concebido de forma distinta por diversas óticas. Dentre essas, encontram-se as tradições hedônica e eudaimonica e as teorias bottom-up e top-down. Para a tradição eudaimonica o bem-estar é apreendido sob a ótica do funcionamento psicológico global, surgindo assim o conceito de bem-estar psicológico. Já a tradição hedônica ressalta a satisfação com a vida e as emoções prazerosas, sendo o bem-estar subjetivo uma relativa ausência de estados desprazerosos. Para a perspectiva das teorias top-down, a interpretação subjetiva dos eventos é o que influencia majoritariamente o bem-estar subjetivo. Em outras palavras, a teoria do  top-down prima pelo estudo dos processos internos do indivíduo, sendo em razão disto, chamada de teoria dos fatores intrínsecos do bem-estar subjetivo. O modelo proposto pelas teorias bottom-up é o da investigação do modo como os fatores externos podem influenciar e predizer a felicidade.
Os autores debruçaram-se sobre a incerteza acerca dos determinantes do bem-estar subjetivo a fim de apontar os principais determinantes apresentados na literatura. Para tanto, foi realizada uma revisão de literatura com artigos publicados entre 1980 e 2011 no banco de dados Web of Science. Os artigos encontrados indicam dois conjuntos de fatores que influenciam o bem-estar subjetivo, a saber: fatores intrínsecos e fatores extrínsecos ao sujeito associados ao bem-estar subjetivo.
Em continuidade, os autores pontuaram e explicaram quais os fatores intrínsecos associados ao bem-estar subjetivo mais citados na literatura. Em relação ao primeiro deles, a personalidade, dados indicam que a influência desta no bem-estar é substancial. Muitos dos estudos realizados guiam-se pelo modelo dos Cinco Grandes Fatores de personalidade, a saber: Extroversão – relaciona-se significativamente com o afeto positivo e negativo, mas principalmente o positivo; Neuroticismo – associa-se significativamente com o afeto negativo; Socialização e Realização – são traços que ocasionam experiências de conquistas e de situações sociais mais positivas e, por fim, Abertura para Experiência – configura um preditor significativo de afeto positivo e correlaciona-se com afeto negativo.
Outro fator intrínseco associado ao bem-estar subjetivo foi o otimismo, vinculado ao desenvolvimento de estratégias de coping ativas e direcionadas à resolução de problemas. Algumas teorias de coping sugerem que aspectos cognitivos evidenciam importantes implicações na produção do bem-estar. Entende-se que pensamentos e comportamentos construtivos e adaptativos podem influenciar o bem-estar, uma vez que estes moldam as interpretações das situações e consequentemente a atribuição de significado e afeto. Os últimos fatores elencados pelos autores foram a espiritualidade e a religiosidade. A literatura indica que a contribuição dada por estes origina-se na crença religiosa e não na afiliação religiosa em si.
Dentre os fatores extrínsecos relacionados ao bem-estar subjetivo estão as condições socioeconômicas. Alguns estudos indicam que a pobreza interfere no bem-estar tanto quanto a riqueza, em razão das diferentes características dos países. Ademais, percebe-se que a satisfação com o trabalho é um melhor preditor da felicidade e da satisfação da vida, pois está relacionada à realização e à identidade pessoal. Outro fator abordado foi o suporte social. Alguns estudos indicam a presença de uma associação entre bem-estar subjetivo e suporte social, ou seja, relações de suporte social tendem a elevar os níveis de bem-estar e de saúde. Por último, os autores pontuam a existência de pesquisas que relacionam o bem-estar a eventos de vida e a maneira como estes irão reverberar na vida dos indivíduos.
Destaca-se que o bem-estar subjetivo é um processo singular atravessado por questões culturais, sociais, de gênero, e afins. Então, estudá-lo a partir da Psicologia da Saúde e da Psicologia Positiva possibilita uma melhor compreensão do fenômeno e a construção de práticas interventivas com a finalidade de assessorar o indivíduo no processo saúde-doença.

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