Educação recebida no cárcere é potencializadora do bem-estar
Postado por
Edryenne Amaral
O Bem-Estar Subjetivo (BES), conceito
abordado pela Psicologia Positiva, aborda a maneira como os indivíduos
interagem com as suas vivências, seja através da interpretação subjetiva ou da influência causada por fatores externos. O BES contribui substancialmente
para a saúde das pessoas e o seu estudo pode proporcionar a descoberta de
práticas que auxiliem a promoção do bem-estar e a demonstração da eficácia de
práticas já existentes. Em razão do exposto, três estudos foram conduzidos com
o objetivo de investigar a relação entre a educação recebida por alunos em
situação de privação de liberdade e o bem-estar subjetivo. Salienta-se que os
participantes perceberam a escola como um ambiente acolhedor e possibilitador
de recursos para retornar à sociedade, ou seja, a educação possui a capacidade
de potencializar o bem-estar subjetivo.
Fonte: https://www.unoeste.br/Noticias/2016/3/educacao-recebida-no-carcere-e-potencializadora-do-bem-estar
Educação recebida no cárcere é potencializadora do bem-estarPesquisa de âmbito nacional espera contribuir com estratégias educativas para pessoas privadas de liberdadeEm três estudos de âmbito científico, voltados para investigar a importância atribuída pelo aluno privado de liberdade à educação recebida no cárcere e as possíveis associações de tais concepções com o bem-estar subjetivo, Sônia de Lurdes Draguette Hillesheim pode constatar que a educação de pessoas privadas de liberdade é potencializadora do bem-estar. A pesquisa foi desenvolvida nos últimos dois anos junto ao Programa de Mestrado em Educação, vinculado à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste.A orientação dos estudos foi da Dra. Camélia Santina Murgo, com a dissertação “Significados da educação escolar para homens privados de liberdade: associações com o bem-estar subjetivo”, avaliada na manhã desta terça-feira (22) pelos doutores Alex Sandro Gomes Pessoa e Daniel Bartholomeu, convidado junto ao Centro Universitário da Fundação Instituto de Ensino para Osasco (Unifieo), com sua participação a distância, pela internet, direto de Osasco, na Grande São Paulo.O primeiro estudo consiste em um levantamento de trabalhos científicos nacionais da última década sobre a educação escolar no sistema prisional. O desenvolvimento da pesquisa deu-se a partir da coleta de materiais bibliográficos, tendo sido utilizado, para tanto, as bases de dados Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Biblioteca Virtual de Saúde Psicologia (BVS-Psi) e Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD).No total, foram recuperados 21 trabalhos que atenderam aos critérios de busca, sendo: 12 artigos, sete dissertações e duas teses. O conteúdo da produção analisada possibilitou identificar que entre as temáticas mais recorrentes sobre a educação no contexto prisional, encontram-se as práticas educativas desenvolvidas, os motivos que levam os presos a desejarem estudar, o histórico e a regulamentação do ensino nas prisões.No segundo estudo, foi analisado o nível de afetos positivos e negativos, bem como de otimismo e pessimismo dos estudantes privados de liberdade de uma penitenciária do Estado do Paraná. Com a realização dessa investigação buscou-se medir o nível de bem-estar subjetivo de 50 educandos privados de liberdade, com a finalidade de selecionar os participantes para o estudo três, pois tinha-se como indagação o seguinte ponto: se os homens com maiores pontuações de afetos negativos e mais pessimistas, descreveriam suas trajetórias de escolarização como menos significação.Como instrumentos de coleta de dados foram utilizadas as escalas Zanon de afetos positivos e negativos e a escala LOT-R (Life Orientation Test) que avalia otimismo. As estatísticas descritivas apontaram que os participantes obtiveram maiores pontuações nos fatores afetos positivos (M=42,6) e otimismo (M=27,05) e menores pontuações em afetos negativos (M=14,22) e pessimismo (M=5,76). O terceiro estudo teve como objetivo conhecer o que o aluno privado de liberdade pensa a respeito da educação no cárcere e também verificar as possíveis associações com o bem-estar subjetivo.Para tanto, foram participantes do estudo oito homens selecionados a partir dos resultados do estudo dois, ou seja, quatro homens que obtiveram alta pontuação em otimismo e afetos positivos e quatro homens que obtiveram alta pontuação em afetos negativos e pessimismo. Como instrumento de coleta de dados foi utilizada uma entrevista semiestruturada. Sendo assim, os dados possibilitaram concluir que não foram identificadas diferenças nas respostas dos participantes com maior escore de afetos negativos e pessimismo.Os dois grupos de participantes referem-se à escola como um espaço formativo, acolhedor e possibilitador de recursos para retornar para a sociedade. Falam de liberdade de expressão, de respeito, de vínculos com os docentes, de estabelecimento de metas e de sonhos. A escola parece ter uma função potencializadora de bem-estar. Espera-se que o estudo colabore para a criação de estratégias educativas que possam favorecer a sensibilização e a preparação de alunos privados de liberdade quanto à importância da educação na vida e no retorno à sociedade. Novas investigações são recomendadas a fim de que se possam construir bases teóricas que subsidiem uma organização escolar efetiva no contexto prisional.
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