Estudo relacional entre o bem-estar subjetivo e o coping em adultos
Resenhado por Juliane Ishimaru
Albuquerque, F.J.B., Martins, C.R., & Neves, M.T.S. (2008).
Bem-estar subjetivo emocional e coping em adultos de baixa renda de ambientes
urbano e rural. Estudos de Psicologia, 25(4),
509-516.
Os estudos sobre bem-estar ainda são
muito recentes. Provindo da Psicologia positiva, o bem-estar conquistou espaço
através de estudiosos como L. Terman, T. Watson e C. Jung. A partir da década
de 60, ganhou força começando a ser vista com um status científico. Desde
então, os estudos sobre o tema cresceram exponencialmente adquirindo grande
importância e possibilitando um melhor entendimento do indivíduo. Embasados
nisso, Alburquerque, Martins e Neves (2008) desenvolveram um estudo no qual foi
evidenciada a correlação de bem-estar subjetivo emocional com o coping
em adultos com idades entre 40 e 55 anos, de classe baixa, em um comparativo
entre o ambiente rural (Areia - Paraíba) e urbano (João Pessoa - Paraíba).
Primeiramente, deve-se entender que bem-estar é composto por um conjunto de fenômenos que juntos produzem julgamentos de satisfação global com a vida.. Cientificamente, ele foi dividido entre em dois tipos: eudaimônica, que é o bem-estar psicológico (BEP), e hedonista, que é o bem-estar subjetivo (BES). Em uma definição mais específica, o bem-estar subjetivo é classificado como a frequência de estados afetivos e emocionais experienciados por um indivíduo (Diener et al., 1997; Diener et al., 1999; Diener & Biswas-Diener, 2000; Diener, Scollon & Lucas, 2003; Pavot & Diener, 1993) que podem ser divididos em cognitivos - satisfação com a vida - e emocionais – afetos positivos (alegria, orgulho, prazer) e negativos (tristeza, ansiedade, depressão) e distress, por exemplo. O enfoque do estudo foi no bem-estar subjetivo emocional vinculado ao distress.
A partir da década de 70, estudos sobre estresse e coping começaram a se desenvolver. Defini-se estresse como um evento natural e necessário a todos, mas que quando em excesso pode causar prejuízos, sendo este chamado de distress. O enfoque da pesquisa nesse tema objetivou entender quais fatores causam o distress e quais as estratégias utilizadas para enfrentá-lo (coping). A ideia de vincular coping ao BES emocional é pela existência de situações estressoras que são vivenciadas por algumas pessoas de forma mais fácil e por outras de forma mais difícil, buscando entender quais fatores influenciam esse comportamento. Nesse estudo, o coping foi analisado a partir de três categorias, a saber: coping focalizado no problema, evasivo ou de evitamento e práticas religiosas.
Os resultados apontaram que de forma abrangente, que os entrevistados pontuaram valores elevados em relação ao bem-estar subjetivo emocional tanto em no ambiente urbano quanto no rural. Para chegar aos resultados, investigaram-se quais seriam os eventos que mais causam distress na amostra populacional. Concluiu-se que a situação econômica, a preocupação com o futuro dos filhos e as relações conjugais são os eventos de maior influência no distress. Especificamente o fator econômico é um ponto destoante quando comparado o ambiente urbano com o rural.
De acordo com o estudo, por não possuírem um padrão de vida tão desigual, os adultos do ambiente rural tendem a ser mais conformados e a enfrentarem o problema de forma mais direta. Os adultos do ambiente urbano, por diariamente experienciarem o contato com diversas situações de conquista social, possuem maior desejo de ascender e conquistar espaço socialmente, o que reflete uma diminuição da prática de coping focado no problema, mesmo que ainda seja majoritário em relação às outras estratégias. Portanto, os adultos do ambiente rural apresentam um maior nível de bem-estar subjetivo emocional do que os adultos do ambiente urbano.
Nesse contexto, entende-se que bem-estar subjetivo emocional é alterado quando vinculado ao distress. O distress é causado por diversos fatores que variam desde sociais - econômicos, políticos, culturais - até o individual - a percepção que se tem diante de qualquer evento estressor. Como forma de diminuir os impactos da experiência estressora utiliza-se o coping, principalmente o focalizado no problema, mas ainda assim há uma grande variedade de estratégias que são igualmente eficazes. O BES emocional possui índices mais baixos quando os indivíduos estão expostos a padrões sociais, que no estudo é a realidade dos adultos do ambiente urbano. Por fim, conclui-se que possuir bem-estar subjetivo emocional proporciona melhor qualidade de vida para os sujeitos. Com isso, estudos como este, ancorados na psicologia positiva, além de estarem aos poucos adquirindo mais espaço no meio científico, tem direcionado novas estratégias de intervenção em saúde, voltadas para os aspectos positivos do homem.
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