Influência da família e amigos no bem-estar e comportamentos de risco: Modelo explicativo
Resenhado
por Geovanna Souza
Tomé, G.,
Camacho, I., Matos, M. G., & Simões, C. (2015). Influência da família e
amigos no bem-estar e comportamentos de risco: Modelo explicativo. Psicologia, Saúde & Doenças, 16(1),
23-34. doi: 10.15309/15psd160104
Sabendo que a adolescência é considerada uma fase onde surgem maiores
oportunidades e desafios associados à saúde, estudos com este público têm
aumentado consideravelmente com o passar dos anos. Por ser um período de
transição da infância para a fase adulta, é visível que se trata de um período
no qual os jovens estão mais suscetíveis à influência do ambiente e das pessoas
mais próximas, influenciando decisivamente sua saúde. É também neste período
que diversos indicadores de saúde apresentam um pico, como as lesões não
intencionais, a condução sob o efeito de álcool e as infeções por DST’s. Dada a
importância do tema, os autores do presente estudo decidiram analisar a
influência da relação dos adolescentes com os pais e amigos no envolvimento em
comportamentos de risco e na saúde.
Para tanto, a amostra total foi 5.050 jovens, porém só houve
monitoramento parental em 3.494 jovens, constituindo, a amostra deste estudo.
Os jovens estudavam o 8º e 10º ano do ensino público regular de Portugal e
tinham uma média de idade de 14 anos. Os jovens participaram do estudo HBSC- Health Behaviour in School – aged Children,
em 2010, em Portugal, o qual tinha variáveis associadas à relação dos
adolescentes com a família, amigos, satisfação com a vida, sintomas físicos e
psicológicos, além de comportamentos de risco. O questionário foi aplicado em
sala de aula, pelos professores das respectivas turmas, de forma anônima e
voluntária. Para analisar o modelo proposto, utilizou-se o modelo de equações
estruturais (Structural Equations
Modeling), de forma a avaliar a qualidade de mediação de um conjunto de
variáveis, com o auxílio do programa estatístico EQS.
Os resultados mostraram que 46,4% dos jovens são do sexo masculino e
53,6% são sexo feminino. Foi possível observar que uma boa comunicação com os
pais tem um maior efeito protetor, principalmente se associada à satisfação com
a vida e à saúde dos adolescentes. Já a boa comunicação com os amigos surge
relacionada com uma menor percepção de satisfação com a vida e aumento de
sintomas psicológicos.
Os autores ressaltam que o papel dos pais parece ser mais relevante para
as variáveis associadas ao bem-estar e à saúde dos adolescentes, já que a
comunicação com os pais surge como fator com maior impacto no bem-estar dos
adolescentes. Tais resultados ressaltam a importância da comunicação e do relacionamento
positivo com os pais e, embora, alguns amigos possam ser considerados fator de
risco, estes não devem ser ignorados e sim acompanhados com atenção, de forma
que permita que os adolescentes desenvolvam maior resistência à pressão dos
amigos e de pares, impedindo um efeito negativo na sua saúde e em seu bem-estar.
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