Esperança e Depressão em pacientes oncológicos
Resenhado por Sara Andrade
Schuster, J. T.,
Feldens, V. P., Iser, B. P. M., & Ghislandi, G. M. (2015). Esperança e
depressão em pacientes oncológicos em um hospital do sul do Brasil. Revista
da AMRIGS, 59(2), 84-89.
A
esperança se constitui como um valioso recurso na vivência de pessoas
acometidas por enfermidades, e comumente é experienciada de forma pessoal e
única. Por meio dela é possível almejar um significado para a vida, tanto nas
situações cotidianas como nas de crise. Ao serem influenciados por esse
sentimento, os indivíduos sentem-se impulsionados e motivados a seguir em
frente na resolução dos problemas e alcance de metas.
Mesmo
não oferecendo cura, a esperança tem demonstrado ser uma variável estritamente
relacionada a benefícios na saúde das pessoas, na medida em que aparenta
influenciar o ânimo dos pacientes, e principalmente a percepção dos mesmos a
respeito de sua qualidade de vida. Dessa forma, não somente a saúde psicológica
pode ser auxiliada pela esperança, mas também a saúde física, pois através
desta o paciente é levado a se engajar em longas trajetórias no árduo processo
de tratamento da doença.
De
igual modo, pacientes oncológicos tem sido beneficiados pelos níveis de
esperança, fato que desencadeou o interesse de Schuster et al. (2015) em avaliar sua associação com a
depressão em pacientes em tratamento quimioterápico em um hospital do sul do
país, por meio de um estudo observacional de delineamento transversal. Na
pesquisa foram utilizados três instrumentos: (1) um questionário
sociodemográfico (para obtenção de informações como: sexo, idade, cor, escolaridade,
estado civil, religião, praticante ou não da religião, com quem vive, renda,
tempo de tratamento, tipo de tratamento, tipo de quimioterapia e sítio do
tumor); (2) Escala de Esperança de Herth e (3) Inventário de Beck para Depressão.
Os
resultados apontaram que o tipo de religião das pessoas não fez diferença para
os níveis de esperança, que de modo geral na amostra foram altos. No entanto, verificou-se
que o fato de praticar uma religião se associou significativamente com o nível
de esperança, ou seja, aqueles que praticam alguma religião obtiveram maior
nível de esperança. Em prosseguimento, os autores verificaram que correlação
entre a Escala de Esperança de Herth e o Inventário de Beck para Depressão se
mostrou negativa e significativa, isto quer dizer que quando o escore de
esperança crescia o escore de depressão diminuía.
Foi
encontrada relação positiva entre as variáveis escolaridade e esperança, o que
levou à compreensão de que quanto maior o tempo de escolaridade, maior o nível
de esperança apresentado pelos pacientes em quimioterapia. Uma análise geral do
estudo, possibilitou concluir que a esperança se apresenta como uma importante
estratégia de enfrentamento frente à doença, de modo a auxiliar o paciente a
lidar com a dor do momento e com o futuro incerto de uma maneira mais eficaz.
Tendo
em vista à necessidade de maiores informações sobre a esperança como fator
benéfico à saúde, os autores sugerem a realização de mais pesquisas com a
Escala de Esperança de Herth, a fim de verificar o impacto real da esperança em
um enfermo, já que os resultados do presente estudo apontaram que altos níveis
de esperança proporcionam uma diminuição dos sintomas depressivos. Enfim, acredita-se
que dados brasileiros sobre o assunto contribuirão significativamente nos
avanços teóricos e práticos da Psicologia da Saúde.
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