Luto e enfrentamento em famílias vitimadas por homicídio
Resenhado por Catiele Reis
Domingues,
D.F., Dessen, M.A., & Queiroz, E. (2015). Luto e enfrentamento em famílias
vitimadas por homicídio. Arquivos
Brasileiros de Psicologia, 67(2),
61-74.
As mortes
violentas são acontecimentos potencialmente deletérios que costumam exigir
estratégias adaptativas dos familiares das vítimas. Considerando que as mortes
violentas são acontecimentos potencialmente estressores, que costumam exigir
que as pessoas empreendam diferentes tipos de estratégias adaptativas por parte
dos familiares das vítimas, o presente estudo teve como objetivo descrever os
modos de enfrentamento utilizados por mães e irmãos de jovens que perderam a
vida em razão de homicídio por arma de fogo durante os 12 primeiros meses de
luto.
Participaram da
pesquisa oito famílias com nível socioeconômico baixo, residentes em regiões
administrativas do distrito federal. As famílias foram selecionadas através de
uma amostra por conveniência através de indicação de profissionais de ONG’s e
outros órgãos que prestavam assistência a vítimas de violência. Os instrumentos
utilizados foram uma entrevista semiestruturada e a escala de modos de
enfrentamentos de problemas, ambos aplicados tanto nas mães quanto nos irmãos
das vítimas.
Os resultados apontam que
as principais estratégias de enfrentamento adotadas pelos participantes são as
práticas focalizadas na religiosidade e no pensamento fantasioso. Além dessas,
as estratégias centradas no problema e a negação da morte também foram relatados
como recursos adaptativos utilizados pelas famílias. De modo contrário, a busca
pelo suporte social não foi relatada enquanto estratégia de enfrentamento nem
pelas genitoras nem pelos irmãos.
Em suma, percebe-se que
a família é a primeira a sofrer os impactos da violência letal, exigindo uma
reorganização em sua rotina, em seus hábitos e no seu sistema de valores e
crenças (Domingues, 2010). Essas mudanças, muitas vezes, são inevitáveis e de
consequências geralmente imprevisíveis, com adversidades que podem ser
percebidas já no início do processo de luto e, também, a longo prazo. Dessa
forma, tem-se visto a necessidade de construir políticas públicas destinadas a
ampliar a rede social dessas famílias no contexto da perda.
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