Percepções de psicólogos da saúde em relação aos conhecimentos, às habilidades e às atitudes diante da morte
Resenhado por Edryenne Amaral
Ferreira,
R. A., Lira, N. P. M., Siqueira, A. L. N., & Queiroz, E. (2013). Percepções
de psicólogos da saúde em relação aos conhecimentos, às habilidades e às
atitudes diante da morte. Revista
Psicologia: Teoria e Prática, 15(1), 65-75.
A discussão sobre a morte representa demasiada importância para a formação do psicólogo,
particularmente o psicólogo da saúde que enfrenta cotidianamente situações
entre a vida e a morte (Kovács, 1992). Os psicólogos que intervém em situações como
essas tem como objetivos atender às necessidades emocionais da pessoa frente à
iminência da morte e sofrimento em decorrência desta; colaborar com o processo
de tomada de decisões, incluindo decisões relacionadas ao tratamento, e
resolução de problemas; fornecer suporte para a família e para a equipe
interdisciplinar na qual está inserido. Assim, a aquisição dos conhecimentos que
possibilitarão a atuação profissional no contexto da saúde deve se iniciar na
graduação a fim de que este intervenha adequadamente. Contudo, o despreparo
decorrente de uma formação deficitária impossibilita a eficácia da atuação
psicológica destes profissionais. Em virtude disto, o estudo objetivou
identificar a percepção de psicólogos da saúde que atuavam em hospitais da rede
pública do Distrito Federal, precisamente na cidade de Brasília, com relação
aos conhecimentos, às atitudes e às habilidades relacionadas ao morrer, e
possíveis contribuições para a formação do psicólogo da saúde com apontamentos
sobre a formação.
Participaram
deste estudo quinze psicólogos, sendo que cinco atuavam em enfermarias, quatro em
ambulatórios e seis nos dois locais. Quanto à formação verificou-se que sete,
dos quinze profissionais, possuíam cursos na área da saúde, sendo que seis eram
de especialização e um de mestrado, os demais tinham formação clínica. Foram
feitas entrevistas semiestruturadas com duração média de 45 minutos, nelas eram
coletados dados pessoais, sobre a formação acadêmica e a atuação profissional,
atividade desempenhada, avaliações do trabalho, morte no contexto de trabalho e
visão pessoal sobre a morte. Realizou-se a análise de conteúdo de Bardin (2011)
e as respostas foram agrupadas em cinco categorias.
A primeira
categoria tratava da formação para o trabalho com a morte, nove verbalizações
fizeram referência à necessidade do conhecimento técnico sobre a comunicação de
más notícias, estratégias de enfrentamento adotadas pelos pacientes, familiares
e equipe frente à morte, luto e luto antecipatório. A maior parte dos
profissionais mostrou-se favorável a inclusão de uma disciplina, obrigatória ou
optativa, na grade curricular sobre o luto ou, pelo menos, sobre a psicologia
da saúde e/ou hospitalar. A segunda categoria tratou dos aspectos pessoais
relacionados à morte, alguns profissionais referiram-se à morte como o início
de uma outra vida, outros encaram como algo natural, e outros ainda vivenciam o
processo do luto através de orações, psicoterapia, desabafando verbalmente ou
por escrito, entre outros.
A terceira
categoria apresenta as verbalizações relacionadas ao impacto da morte no
profissional e na equipe. Os profissionais relataram que são solicitados com
frequência a informar o óbito à família e lidar com as consequentes emoções e
reações, sendo que não é sua responsabilidade exclusiva. Além disto, o próprio
profissional vivencia a tristeza diante da morte do seu paciente, e outros
sentimentos como impotência, inconformismo e revolta. A quarta categoria
retrata os aspectos que acarretam desgaste físico e/ou emocional aos profissionais,
nela o aspecto preponderante foram as condições desgastantes do âmbito físico e
relacional do ambiente de trabalho. A última categoria tratou da realidade do
trabalho com a morte, a partir dela destacam-se as verbalizações que trazem a
importância do acolhimento, da empatia e da sensibilidade, bem como habilidades
interpessoais além de técnicas. Por fim, o profissional precisa estar atento à
promoção da resiliência do paciente, dos familiares e da equipe, já que o luto
é uma questão que promove intensas emoções.
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