Associações ao longo do tempo entre autoeficácia parental, práticas promotoras e comportamentos externalizantes de adolescentes

 

Glatz, T., & Buchanan, C. M. (2015). Over-time associations among parental self-efficacy, promotive parenting practices, and adolescents’ externalizing behaviors. Journal of Family Psychology29(3), 427. http://dx.doi.org/10.1037/fam0000076

 

Resenhado por Daiane Nunes

 

      

A autoeficácia parental é definida como as crenças dos pais sobre suas habilidades de agir na estimulação do desenvolvimento e ajuste positivos de seus filhos. Diferentes pesquisas confirmaram a relação entre a autoeficácia parental, práticas parentais e comportamento dos filhos. Práticas parentais promotoras são práticas positivas dos pais, visando cultivar as habilidades e interesses das crianças, bem como prevenir o ajuste negativo. As associações entre autoeficácia parental, práticas promotoras e comportamento dos filhos podem ser descritos como um ciclo de feedback. Nesse ciclo, crenças de autoeficácia parental adaptativas conduzem os pais a se envolverem em comportamentos mais positivos, produzindo resultados satisfatórios nos alvos de suas ações (filhos). Por sua vez, os resultados dessas interações reforçam as crenças preexistentes dos atores das ações (pais). O presente estudo avaliou as associações ao longo do tempo entre autoeficácia parental, práticas parentais promotoras e externalização de adolescentes desde o início até o meio da adolescência, no decorrer de três fases de pesquisa.

A amostra foi constituída por 305 famílias e, em sua maioria, contou com a participação de ambos os pais (48,0%). Em T1 (ano 1) e T2 (um ano depois do T1), pais e adolescentes foram entrevistados por telefone (por aproximadamente 1 hora), e também preencheram questionários por escrito. No T3 (dois anos depois do T1), apenas pesquisas escritas foram obtidas. No total, participaram 286 mães, 115 pais e 305 adolescentes.

Os resultados apontaram que as crenças de autoeficácia parental foram associadas positivamente às práticas parentais e negativamente aos comportamentos externalizantes dos adolescentes. A renda familiar foi a única variável sociodemográfica que apresentou relação significativa com as variáveis de estudo, sendo controlada em análises posteriores. Primeiramente, a autoeficácia parental previu mudanças nas práticas parentais das mães entre o T1 e T2. Em segundo, as práticas parentais promotoras previram mudanças nos níveis de autoeficácia parental em ambos os sexos, predizendo, ainda, mudanças na externalização. Em terceiro, a externalização em T2 previu mudanças nas práticas parentais entre T2 e T3 e mudanças nos níveis de autoeficácia no mesmo período. Por fim, a autoeficácia parental previu mudanças na externalização comportamental dos adolescentes por meio de mudanças nas práticas parentais promotoras das mães.

Os achados desta pesquisa são consistentes com os processos orientados pela autoeficácia parental. Ou seja, as crenças das mães em sua capacidade de lidar com as tarefas envolvidas na criação de filhos afetam a probabilidade de que relatem o uso de práticas parentais promotoras, que por sua vez, prevê um ajuste mais positivo na forma de externalização. Esses resultados representam um passo importante em direção a uma maior compreensão teórica de como a autoeficácia parental está ligada aos comportamentos de pais e adolescentes. Além disso, podem fundamentar o desenvolvimento de programas de educação e orientação a pais, visando ao ajuste mais positivo e bem-estar familiar.

                                         


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