Um modelo explicativo para o bem-estar subjetivo: Estudo com mestrandos e doutorandos no Brasil

 

Faro, A. (2013). Um modelo explicativo para o bem-estar subjetivo: Estudo com mestrandos e doutorandos no Brasil. Psicologia: Reflexão e Crítica26(4), 654-662. https://doi.org/10.1590/S0102-79722013000400005

Resenhado por Brenda Fernanda

            A vivência de uma pós-graduação stricto sensu, nos níveis de mestrado e doutorado, pode ocasionar alguns estressores relevantes para os estudantes. Dentre as demandas da jornada da pós-graduação, observam-se dificuldades como prazos e metas a serem cumpridos e a competitividade. Esses elementos constituem possíveis estressores para os estudantes, bem como outros aspectos, como ausência de bolsas (ou o valor destas), cobrança dos orientadores e a necessidade de publicação, que podem vir a sobrecarregar estes indivíduos. Essas demandas adaptativas podem influenciar o ajustamento psicológico dos estudantes à pós-graduação, sendo necessário entender como os mestrandos e doutorandos lidam com o estresse e enfrentam os desafios presentes em sua formação.

O enfrentamento diz respeito ao modo como as pessoas mobilizam, direcionam ou manejam comportamentos, emoções e pensamentos diante de situações estressoras, cujo efeito se percebe através da alteração do desfecho adaptativo. O manejo do estresse, através do enfrentamento, funciona como mediador da percepção de bem-estar subjetivo (BES), que é um reflexo da qualidade do ajustamento do indivíduo às demandas estressoras com as quais se depara. Níveis elevados de BES refletem ajustamento satisfatório às demandas que o indivíduo vivencia, portanto, entender as variações no BES diante dos estressores do mestrado e doutorado pode ser um caminho para conhecer a forma como os estudantes lidam com o estresse da pós-graduação.

A amostra foi composta por 2150 pós-graduandos stricto sensu no Brasil, sendo 61,8% mestrandos (n = 1329) e 38,2% doutorandos (n = 821). Os respondentes foram 70,9% do sexo feminino (n = 1525) e a média de idade foi de 29,4 anos (DP = 7,20). Participaram indivíduos de todo o país, com exceção dos Estados do Piauí e Roraima. Os resultados mostraram que, quanto aos estressores, a maior média foi a do fator Tempo e Recursos Financeiros (M = 2,4; DP = 0,88), seguido dos fatores Supervisão e Desempenho (M = 1,6; DP = 0,72) e Demandas do Curso (M = 1,2; DP = 0,69). A média de estresse foi de 29,1 pontos (DP = 8,49). A estratégia de enfrentamento mais utilizada foi o Foco no Problema (M = 2,1; DP = 0,42), seguindo-se da Busca por Suporte Social (M = 1,9; DP = 0,70), Foco na Emoção (M = 1,8; DP = 0,70. Na escala de BES, a média da satisfação com a vida foi de 2,7 pontos (DP = 0,65). A correlação entre as estratégias de enfrentamento, a escala de preocupações e o BES exibiu que quase todas as relações tiveram significância estatística.

O presente artigo constatou que o BES, na relação com estressores, é mediado pela intensidade do estresse provocado pela percepção do estressor. O foco da psicologia da saúde é atuar nos aspectos psicológicos e comportamentais relacionados à saúde e ao adoecimento, portanto, este estudo se mostrou relevante pois elucidou pontos para uma possível intervenção voltada à modificação do BES no ambiente da pós-graduação. Ao reduzir o nível de sobrecarga dos fatores estressores, como a promoção de BES, haveria uma repercussão positiva no desempenho acadêmico, bem como sobre a saúde desses alunos, criando um ambiente mais favorável à criatividade e desenvolvimento de novos conhecimentos.

                                              

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.