Modelo cognitivo-comportamental para tratamento de crianças obesas com compulsão alimentar periódica


Borges, J., & Neves, S. (2014). Modelo cognitivo-comportamental para tratamento de crianças obesas com

compulsão alimentar periódica. Revista Fragmentos de Cultura - Revista Interdisciplinar de Ciências Humanas, 24(6), 73-83. doi:http://dx.doi.org/10.18224/frag.v24i0.3566

 

Resenhado por Ariana Moura

O Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica – TCAP - se caracteriza por episódios de consumo excessivo de alimentos, associado à perda de controle do que se ingere, em um período delimitado de tempo (duas horas), seguido de desconforto psicológico e angústia. Esses episódios ocorrem pelo menos duas vezes por semana, durante seis meses ou mais e não são acompanhados de comportamentos compensatórios para a perda de peso.

O presente trabalho teve como objetivo adaptar o tratamento cognitivo-comportamental à população infantil obesa com TCAP, verificar a eficácia deste e a redução do peso. A amostra constituiu-se de seis crianças obesas, sendo duas do sexo masculino e quatro do sexo feminino, com idades entre 10 e 12 anos, que frequentavam uma escola em Goiânia-GO. Para seleção dos participantes foram utilizados a Escala de Compulsão Alimentar (ECAP), entrevista para identificação do TCAP e o Índice de Massa Corporal (IMC).

As nove sessões em grupo aconteceram uma vez na semana com duração de 90 minutos. Os participantes eram pesados e medidos em todas as sessões para acompanhamento do peso e avaliação do tratamento. Após a autorização dos pais, deu-se a aplicação dos testes, que aconteceu em quatro sessões de uma hora. Os conteúdos trabalhados da primeira à oitava sessão foram diversos desde a apresentação dos componentes do grupo, passando pelo estímulo à alimentação saudável e treino do autocontrole, até o treino de habilidades sociais e intervenções relacionadas à baixa autoestima. E, finalmente, na nona sessão foi feita a retrospectiva de todo tratamento e na avaliação coletiva, realizou-se um balanço sobre assiduidade, peso, medidas e números de estrelas que ganharam.

Ao final, observou-se que a intervenção contribuiu com o desenvolvimento de novos procedimentos para o tratamento de pacientes obesos infantis portadores de TCAP. Essa adaptação voltada para o público infantil teve impacto importante na adesão do grupo ao programa, o que facilitou e instigou a expressão dos comportamentos e sentimentos e a realização dos registros diários solicitados, conforme observado nos resultados. Além disso, todos os participantes apresentaram redução de peso e de medidas após o tratamento.

Importante ressaltar que o empenho das famílias que ajudaram recordando da anotação diária (automonitorização), da visualização da pirâmide e seleção alimentar (modificação de hábitos alimentares), e proporcionando estímulos nos exercícios físicos e no controle alimentar, parece ter auxiliado no processo de redução de peso. As trocas de experiências sobre as estratégias que cada um do grupo estava utilizando para o emagrecimento saudável também colaboraram para perda de peso dos demais.

Este estudo contribuiu para a Psicologia da Saúde por, de acordo aos autores, ter sido a primeira adaptação do tratamento Cognitivo-Comportamental à população infantil obesa. A partir disso, os psicólogos que atuam com crianças acima do peso podem utilizar as informações fornecidas por esta pesquisa, principalmente para basear a intervenção com tal público.

 


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