Estresse de familiares cuidadores de sobreviventes das UTIs

4 years ago

 

Barro, A. J. S., Teche, S. P. & Rosa, R. G. (2019). Cuidando dos sobreviventes de UTI: o estresse dos familiares cuidadores. IN: Teles, J. M. M., Teixeira, C., & Rosa, R. G. (Eds.), (2019). Síndrome pós-cuidados intensivos: como salvar mais do que vidas. AMIB.

Resenhado por Danielle Alves Menezes

 

Após alta, espera-se que pacientes sobreviventes de UTIs sejam transferidos para um leito hospitalar e, após alguns dias, recebam liberação médica para ir para casa. Nesse processo, pelo menos 30% dos familiares sofrem sintomas psicológicos pouco adaptativos, como insônia, reação aguda ao estresse, transtorno de adaptação, e, a longo prazo, depressão, ansiedade e transtorno de estrese pós-traumático (TEPT). Tais alterações decorrem da necessidade de tomarem decisões importantes que impactarão em suas vidas e no bem-estar do paciente, além de implicarem no complexo desempenho do papel de cuidador.

Salienta-se que esse momento exige dos familiares cuidadores reestruturação tanto em um nível objetivo quanto subjetivo, ou seja, reorganização desde a adaptação de espaços da casa, horários de trabalho, aquisição de novas habilidades para desempenhar o cuidado, como também ressignificação do papel do ente querido na própria família. Além disso, pode ocorrer um círculo vicioso gerador de estresse emocional em que pacientes sofrem psiquicamente com dores, desconforto, ansiedade, tristeza, dificuldades para dormir, pesadelos, restrição da funcionalidade, irritabilidade, agressividade, e, para os familiares ante a essas queixas, é desencadeado um senso de obrigação, sentimentos de falta de suporte social e baixa autoeficácia, crescimento pessoal reduzido e menor senso de controle sobre a própria vida.

Diante desse cenário, destaca-se a importância de prevenir, tratar e cuidar do estresse de cuidadores não só com a perspectiva de impactar positivamente no cuidado ao paciente, como também no sentido de proporcionar qualidade de vida para eles. Dentre as possibilidades de intervenção são citadas: comunicação efetiva entre familiares e equipe assistencial, orientações pós-alta, incentivo à participação do cuidador nos procedimentos de enfermagem, psicoeducação sobre a doença do paciente, atenção à manifestação de sintomas psiquiátricos tanto nos pacientes como nos cuidadores, disponibilização de serviços de home care, amplificação do suporte social e treino cognitivo-comportamental para lidar com medo, culpa e autocuidado. O psicólogo da saúde, nos diversos campos de inserção tanto institucional como em clínica, pode atuar mapeando fatores de risco e predisponentes do bem-estar psíquico e atuar diretamente sobre eles, contribuindo, assim, para maior qualidade de vida tanto de pacientes como de cuidadores.

                                     

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