Revisão sistemática da literatura sobre ansiedade em estudantes do ensino superior
Soares, A. B., Monteiro, M. C. L. M.,
& Santos, Z. A. (2020). Revisão sistemática da literatura sobre ansiedade
em estudantes do ensino superior. Contextos
Clínicos, 13(3), 993- 1012. https://doi.org/10.4013/ctc.2020.133.13
Resenhado por Jéssica Dantas
O
ingresso no ensino superior é a realidade de muitos jovens brasileiros e se
configura como um momento permeado por processos de transição e adaptação. Os
estudantes se deparam com uma série de mudanças e novos desafios em várias dimensões da vida: pessoal, acadêmica, social e institucional. Tais
exigências adaptativas se tornam potenciais estressores e, muitas vezes,
contribuem para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade ou para o
agravamento de condições pré-existentes.
A ansiedade pode ser
definida como um estado emocional complexo associado a estímulos externos e a
situações vivenciadas, geralmente decorrentes de um medo inicial. A pessoa tende a perceber a situação como
incontrolável ou sem possibilidade de previsão de futuras ameaças,
desencadeando, assim, uma resposta fisiológica prolongada. Entre os universitários, onde a literatura já
aponta um aumento significativo dos transtornos mentais, a ansiedade apresenta
altos níveis de prevalência causando também, em decorrência, efeitos
prejudiciais à saúde.
O presente estudo teve
como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura de artigos
publicados em periódicos nacionais, no período de 2005 a 2019 sobre transtornos
de ansiedade em estudantes universitários. Para isso, foram utilizadas as
seguintes bases de dados: Google
Acadêmico, SciELO, LILACS e Pepsic. Foram selecionados apenas periódicos com a temática
ansiedade em universitários, tendo sido obtidos 37 artigos para o estudo. Os
dados foram compilados e filtrados a partir do critério metodológico do modelo
PRISMA.
Os resultados apontaram
para cinco categorias de publicações: estudos de caracterização (13),
intervenção (13), prevalência (5), relato de experiência (2) e construção de
instrumento (1). As publicações de maior incidência foram sobre caracterização e intervenção. Estudos que
analisem os fatores relacionados ao transtorno de ansiedade e que descrevam os
efeitos de intervenções são fundamentais por proporcionar ferramentas e
estratégias para ações no contexto universitário. Os estudos de prevalência
apontaram maiores taxas de estresse psicológico grave, ideações suicidas e
transtornos de ansiedade na população universitária. Além disso, a ansiedade
esteve mais associada ao sexo feminino. Já os estudos de relato de experiência
contribuem com propostas de intervenção psicológica para auxiliar os discentes
em sua experiência de transição acadêmica. Por fim, foi possível observar
lacunas relacionadas aos estudos de instrumentos, que podem ser explicadas pela
preferência que tem sido dada à adaptação de instrumentos em detrimento da
construção.
Estudos que ampliem o conhecimento sobre os determinantes dos
transtornos de ansiedade em estudantes universitários são fundamentais para a
psicologia da saúde, pois auxiliam o desenvolvimento de intervenções que intencionem
a melhoria da experiência
adaptativa dos alunos. Contribuindo, assim, para a redução dos altos índices de
transtornos psicológicos nessa população e dos reflexos negativos na vivência
acadêmica, como baixos níveis de desempenho acadêmico e evasão.
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