Definições de bem-estar em adultos com deficiência visual: Uma revisão do escopo
Resenhado
por Susana Santana
Heinze,
N., Davies, F., Jones, L., Castle, C. L. & Gomes, R. S. M. (2022). Conceptualizations of well-being in
adults with visual
impairment: A scoping review. Frontiers
in Psychology, 13(964537), 1-14.
https://doi.org/10.3389/fpsyg.2022.964537
Bem-estar costuma ser um termo muito
usado no meio científico, mas o entendimento do que bem-estar significa acaba
variando bastante. Um dos modelos de bem-estar, o modelo hedônico, entende
bem-estar subjetivo como o afeto agradável e o componente cognitivo da
satisfação com a vida. Já modelos eudaimônicos se concentram em como as pessoas
estão funcionando e abrangem uma combinação de aspectos relacionados ao
crescimento pessoal e preenchimento/completude.
O bem-estar psicológico é categorizado em
seis dimensões: autonomia, domínio ambiental, relações positivas com os outros,
propósito na vida, realização do potencial e autoaceitação. Há também modelos
híbridos de bem-estar que envolvem emoções positivas, engajamento, relações,
significado e realização. Por vezes, o termo bem-estar também é substituído por
qualidade de vida e felicidade. Em perspectivas mais recentes, a definição de
bem-estar, baseada em indicadores e definições, é proposta como o ponto de
equilíbrio entre os desafios psicológicos, físicos e sociais enfrentados por um
indivíduo e os recursos disponíveis a ele.
De acordo com o estudo, a deficiência
visual tem sido associada com menor bem-estar e tornou-se um ponto chave para
serviços de suporte a pessoas com deficiência visual. Dessa forma, a falta de
consenso sobre o que significa bem-estar para os adultos com deficiência
visual, e como ele deve ser avaliado, pode ter impacto sobre a identificação de
necessidades específicas de suporte e, mais amplamente, sobre o tipo de apoio
que é projetado e fornecido àqueles que precisam.
Diante disso, realizou-se uma revisão de
escopo para mapear as formas em que o bem-estar tem sido conceitualizado em
pesquisas envolvendo adultos com deficiência visual. De 10.662 artigos
identificados, 249 foram incluídos na revisão. Estes se referiam a 38 tipos de
bem-estar. Os tipos mais comuns foram bem-estar geral (n = 101; 40,6%),
bem-estar emocional (n = 86, 34,5%) e bem-estar psicológico (n = 66, 26,5%). A
maioria dos artigos (n = 150; 60,2%) referia-se a apenas um tipo de bem-estar e
o que diversificou mais, retratou 9 conceituações de bem-estar. Um grande
número de artigos não definiu claramente o bem-estar. Uma ampla gama de
indicadores de bem-estar relacionados aos domínios da hedonia, humor, afeto
positivo e negativo, qualidade de vida, saúde mental, eudaimonia,
autoidentidade, saúde, reações psicológicas à deficiência e problemas de saúde,
funcionamento, funcionamento social e meio ambiente, foram extraídos, muitos
dos quais foram usados apenas uma vez.
Os autores concluem que ainda falta
consenso sobre como o bem-estar é conceitualizado e avaliado no contexto de
adultos com deficiência visual, necessitando de uma abordagem padronizada de
múltiplos domínios. Como um dos objetivos da Psicologia da Saúde é desenvolver
estratégias de enfrentamentos que deem suporte em diversas condições de saúde,
estudos como esse contribuem para destacar a importância do entendimento claro
de construtos psicológicos, como o de bem-estar. Por meio de definições claras
é possível construir e validar instrumentos de avaliação mais precisos e
desenvolver intervenções em saúde psicológicas mais efetivas.
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