Gatekeeper training and minimum standards of competency: Essentials for the suicide prevention workforce

 

Hawgood, J., Woodward, A., Quinnett, P., & De Leo, D. (2022). Gatekeeper training and minimum standards of competency: Essentials for the suicide prevention workforce. Crisis: The Journal of Crisis Intervention and Suicide Prevention, 43(6), 516–522. https://doi.org/10.1027/0227-5910/a000794

 Resenhado por Jucimara Ramos

            Um problema na prevenção do suicídio é a identificação de pessoas que apresentam ideação suicida, para que se possa intervir precocemente nessa demanda de saúde pública. O treinamento Gatekeeper (GKT) refere-se a uma estratégia preventiva em relação ao suicídio. Ela se configura em um treinamento para profissionais que trabalham com pessoas que podem apresentar risco de suicídio, sendo que o treinamento busca identificar e encaminhá-las aos profissionais de saúde mental. Os comportamentos são multifacetados e no suicídio não é diferente, assim seu manejo pode ter impactos significativos em relação aos resultados do GKT. O presente estudo objetiva discutir desafios e possibilidades do modelo ser implantado de forma efetiva e tragam achados fidedignos de sua validade.

O artigo apresenta a estratégia GKT como possível a discussões sobre a prática preventiva. Inicialmente, foram apresentadas competências a serem analisadas do treinamento Gatekeeper, a fim de que o modelo proposto seja aperfeiçoado para apresentar dados que comprovem a sua efetividade. Desse modo, foram explorados padrões de competência da estratégia estudada, iniciando pelas profissionais como proposta, perpassando os programas e habilidades possíveis, assim como a avaliação por meio da Gatekeeper Behavior Scale (GBS) e da Willingness to intervene against suicide (WIS).

Uma problemática apontada com o treinamento é o estabelecimento direto de quem é Gatekeeper (GK). Há os comunitários, que se referem as pessoas que pertencem a comunidade como professores, colegas de trabalho, dentre outros, e há os profissionais, podem ser da saúde ou outros que trabalhem com pessoas em risco. Apesar de trazer alguns resultados a longo prazo, o estudo traz a necessidade de definir padrões. Burnett et al. (2015), a partir da teoria cognitiva social de Bandura, propõem quatro fatores que podem impactar na intervenção: conhecimento sobre suicídio, crenças e atitudes de prevenção, receio em intervir e autoeficácia.

Outra perspectiva teórica apresentada como relevante é a Teoria do Comportamento Planejado (TPB), na qual a intervenção está ligada ao controle comportamental percebido. O artigo ainda aponta a importância de estabelecer competências profissionais desenvolvidas pela Associação Americana de Suicidiologia e a Força-tarefa de prevenção ao suicídio liderada pelo Suicide Prevetion Resource Center, na qual propõe 24 habilidades e domínios como coleta de informações, compreensão, gerenciamento dos cuidados entre outras. Nos programas e competências do GKT, evidencia-se a necessidade da avaliação e de conteúdos que possibilitem captar pessoas com as habilidades necessárias. O GBS é uma escala que mede a atitude, probabilidades, autoeficácia, senso de controle, já o questionário WIS advém da TPB e mensura os efeitos da prevenção ao suicídio

Apesar de não possuir uma base científica firme em relação a estudos que a sustentem, o estudo aponta alguns resultados a longo prazo, como o aumento da confiança das pessoas ao ajudarem outras com o sofrimento psicológico intenso e a eficácia na prevenção ao suicídio. A discussão levantada pela pesquisa tem grande relevância para a Psicologia da Saúde, pois o treinamento pode contribuir com o enfrentamento desse problema de saúde pública. Essa se configura como um problema mundial, afinal, estima-se que mais de 800.000 pessoas se suicidem por ano. Através do norteamento da investigação crítica promovida pela pesquisa, viabiliza-se ainda a ampliação do repertório de práticas interventivas na demanda supracitada, com a possibilidade de validação do treinamento Gatekeeper. Com isso, incentiva-se a implantação da estratégia GK para aprimorar planos de intervenção no que diz respeito à promoção de saúde e à prevenção do suicídio.  

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