Depressão na adolescência: características clínicas
Resenhado
por Lucila Moraes
BAHLS, Saint-Clair; BAHLS, Flávia Rocha Campos. Depressão
na adolescência: características clínicas. Interação em Psicologia
(Qualis/CAPES: A2), [S.l.], mar. 2005. ISSN 1981-8076.
O artigo apresenta uma revisão sobre as
características clínicas da depressão na adolescência visando contribuir com o
esclarecimento dessa patologia que, apesar de grave, tem se tornado cada vez
mais comum em nossa sociedade.
A depressão é uma doença que causa grande
impacto na saúde pública por ser considerada comum, bastante prejudicial para o
individuo e acarretar em elevados gastos sociais. Apesar do crescente interesse científico
voltado para a depressão, à atenção voltada para a depressão na adolescência é
bem recente, por se achar até a década de 70 que era uma doença rara entre os
jovens. Porém, já se sabe que a depressão maior na adolescência é algo comum e
ocorre cada vez mais cedo na vida do sujeito. Um estudo realizado em Los
Angeles mostrou que 25% dos adultos com depressão maior tiveram os primeiros
episódios depressivos antes dos 18 anos de idade. Além disso, estudos afirmam
que os índices de depressão aumentam significantemente na adolescência, com taxas
e distribuição de gêneros similares aos dos adultos (mais frequente em
mulheres). Na
adolescência, a manifestação da doença no sexo masculino e feminino também é
diferenciada. Enquanto as meninas descrevem sintomas mais subjetivos como
tristeza, vazio e tédio, os homens relatam sentimentos de desprezo, desdém e
rejeição.
Tanto
adultos como jovens apresentam sintomatologia semelhantes no transtorno
depressivo, ou seja, podem ser aplicados os mesmos critérios e diagnósticos do
DSM-IV para ambas as faixas etárias. Porém na adolescência a depressão maior
possui características fenomenológicas específicas desta fase como
irritabilidade, instabilidade emocional e acessos de raiva. Outra consequência
comum em jovens é a diminuição do desempenho escolar, baixa autoestima, ideação
suicida e problemas com álcool/drogas. Importante
destacar que o suicídio é uma das mais importantes causas de morte entre os
adolescentes, e cerca de dois terços desses casos ocorre entre jovens
clinicamente deprimidos. Ou seja, a depressão é a principal causa de suicídio
nesta faixa etária.
Já
há uma definição razoavelmente clara dos fatores de risco para a depressão na
adolescência, são eles: a presença da depressão em um dos pais – sendo o fator
mais determinante de risco da doença-, perda de um familiar ou amigo, conflito
familiar, entre outros. O transtorno depressivo possui uma alta taxa de
comorbidade (quando duas ou mais doenças estão etiologicamente
relacionadas) sendo as mais comuns o transtorno de ansiedade (30
a 80%), a distimia (33%) e o TDAH (50%). Somado a isso, estudos apontam que
entre 20% a 40% dos jovens deprimidos irão desenvolver um transtorno bipolar em
um período de cinco anos após o início da doença, apesar de não ser uma relação
de causa e consequência direta.
O
estudo da depressão na adolescência é de suma importância por se tratar de uma patologia
que surge cada vez mais cedo em nossa sociedade e traz sérias consequências que
podem acarretar em um desfecho trágico, como o suicídio. Como já foi dito, a
depressão na adolescência tem características próprias da idade e muitas vezes é
acompanhada de outros transtornos, o que pode prejudicar o diagnóstico do
paciente, por isso a atenção a tais casos clínicos deve ser redobrada. Logo,
trata-se de um grave problema de saúde publica, e se faz necessário um diagnóstico
precoce e preciso, bem como um tratamento eficaz, evitando-se o agravamento do
quadro depressivo até a fase adulta.
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