Revisão da Literatura- Coping (enfrentamento) religioso/espiritual
Resenhado por Grasielle Rocha
Panzini, R.G.,
& Bandeira, D.R. (2007). Revisão da
Literatura- Coping (enfrentamento) religioso/espiritual. Revista Psiq. Clín. 34, 126-135.
O presente artigo teve como objetivo
avaliar na literatura os achados sobre coping religioso/espiritual e saúde, bem
como conceituar os termos estresse e coping. Segundo as autoras, o conceito de
coping espiritual está inserido nas áreas da psicologia positiva, psicologia da
saúde e do escopo de estudos sobre religião e saúde, medicina e espiritualidade,
tendo sido delineado a partir do estudo cognitivista do estresse e do coping.
Para
Lazarus e Folkman (1984), o estresse psicológico é definido como a relação
entre pessoa e contexto ambiental, percebida como indo além do que aquela pode
suportar, excedendo seus recursos pessoais e ameaçando seu bem-estar. No
entanto, o estresse não é o único fator na determinação de seu impacto sobre o
indivíduo. O modo como a pessoa lida com o estresse, processo conceituado como
coping, também tem importância crucial, fazendo diferença no funcionamento
humano e determinando sua adaptação à situação estressante (Lazarus &
Folkman, 1984; Pargament, 1997).
O
coping é concebido como o conjunto de estratégias cognitivas e comportamentais,
utilizadas pelos indivíduos com o objetivo de manejar situações estressantes.
As estratégias de coping se referem a ações cognitivas/comportamentais frente a
uma situação estressante e têm sido vinculadas a fatores situacionais. Podem
ser classificadas como estratégias focadas nas emoções e estratégias focadas no
problema. Para Lazarus e Folkman (1980), o coping tem como função administrar (reduzir/minimizar/tolerar)
a situação estressora, mais que controla-la ou domina-la. O coping religioso
descreve o modo como os indivíduos utilizam sua fé para lidar com o estresse e
os problemas da vida, afirma Wong-Mc Donald e Gorsuch (2000).
A
relação entre saúde e religião/espiritualidade é vista em sujeitos que
acreditam e têm fé na cura através da religião e do espírito. Segundo este
artigo, a maioria das pesquisas indica que crenças e práticas religiosas estão
associadas com melhor saúde física e mental. De 225 estudos investigando a
relação com saúde física, a maioria verificou resultados benéficos do
envolvimento religioso em relação a dor, debilidade física, doenças do coração,
pressão sanguínea, infarto, funções imune e neuroendócrina, doenças
infecciosas, câncer e mortalidade (Koenig, 2001). De quase 850 pesquisas que
examinaram a relação com saúde mental, a maioria endossa associação do envolvimento
religioso com maiores níveis de satisfação de vida, bem-estar, senso de
propósito e significado da vida, esperança, otimismo, estabilidade nos
casamentos e menores índices de ansiedade, depressão e abuso de substâncias
(Koenig et al., 2001). Ressalta-se que nas perspectivas da saúde pública,
estudos demonstram que pessoas com envolvimento religioso são menos propensas
ao uso e abuso de substâncias químicas e alcóolicas e a cometer crimes.
A
diferença entre religião e espiritualidade é que a primeira tem o cunho de ser
institucionalmente socializada, vinculada a uma doutrina coletivamente
compartilhada e/ou praticada, já a segunda refere-se também a busca e práticas
subjetivas, individuais e não institucionais. Por isso, o porquê de usar o
termo coping religioso/espiritual e não separadamente, como alguns autores
ainda utilizam. Para Pargament (1999), o uso do termo coping
religioso/espiritual é definido como o uso da religião, espiritualidade ou fé
para lidar com o estresse e as consequências negativas dos problemas da vida.
Utilizando-se um conjunto de estratégias religiosas e/ou espirituais a fim de
manejar o estresse diário, e/ou consequentes de crises existenciais ou
circunstâncias que ocorrem ao longo da vida.
Portanto,
coping religioso/ espiritual (CRE), está associado à saúde e à qualidade de
vida, sendo um conceito importante e atual. As estratégias de CRE, quanto as
consequências que trazem para quem as utiliza, podem ser classificadas como positivas ou negativas, estando geralmente associadas,
respectivamente, a melhores ou piores resultados de saúde física/mental e
qualidade de vida. Salientando que, o coping religioso/espiritual é considerado
um fator eficaz aos que acreditam e possuem crenças e práticas religiosas,
pois, de acordo com as pesquisas aqui relatadas, aquelas estão associadas a
melhor saúde física e mental.
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