Parenting style, parenting stress, and children’s health-related behaviors
Resenhado por Ariane de Brito
Park, H., & Walton-Moss, B. (2012). Parenting style, parenting stress,
and children’s health-related behaviors. Journal
of Developmental & Behavioral Pediatrics, 33, 495-503. doi:
10.1097/DBP.0b013e318258bdb8
Estabelecer bons hábitos de saúde na
primeira infância é essencial. Comportamentos tais como a ingestão de alimentos
saudáveis, prática de exercício físico, higiene pessoal e de segurança, são
comumente recomendados para o estabelecimento de uma boa saúde física. Tais comportamentos
de saúde quando estabelecidos na infância tendem a se estender para a idade
adulta, contribuindo para resultados positivos na saúde em longo prazo.
As crianças costumam aprender esses
comportamentos com orientação e assistência de seus pais ou de outros
cuidadores primários. Sabe-se que os pais são modelos influentes e referências
sociais para os filhos, e que é através da modelagem que eles sugerem que os
comportamentos de saúde valem à pena de serem seguidos e imitados pelos filhos.
A qualidade da relação pais-filho influencia as crianças na realização de vários
comportamentos saudáveis, podendo estes serem examinados a partir da interação
dos pais com seus filhos, isto é, a partir de seus estilos parentais.
Estilo parental é definido como o
ambiente emocional em que ocorrem as interações entre pais e filhos, o qual
pode expressar dimensões de afeto e controle. Afeto refere-se à quantidade de
carinho demonstrado para a criança, enquanto que o controle é a capacidade dos
pais para controlar/manejar a criança. Os estilos parentais podem ser de quatro
tipos: autoritário, autoritativo, permissivo e negligente (Baumrind, 1967;
Maccoby & Martin, 1983). O estilo parental autoritário refere-se à dimensão
de muito controle e pouco afeto, o autoritativo, por sua vez, caracteriza-se
pelo muito controle e muito afeto. O estilo permissivo refere-se ao baixo
controle e muito afeto, enquanto que no negligente, tem-se pouco controle e pouco
afeto.
Os estilos parentais podem ser
influenciados por fatores como a interação entre pais e filhos, o estresse dos
pais e o estado de saúde da criança ou bem-estar. O estilo parental pode afetar
a inteligência emocional das crianças, ansiedade e ganho de peso ou índice de
massa corporal (IMC). Na Coréia do Sul, os pais normalmente assumem uma relação
desigual de poder com seus filhos, usando um estilo educação autoritária. Os
pais coreanos forçam seus filhos a seguir suas instruções, pois consideraram a
disciplina elemento essencial na criação de um filho.
Comportamentos de saúde das crianças estudados
incluem comportamento alimentar em geral como alimentação pouco saudável,
ingestão de alimentos açucarados, consumo de frutas/legumes, além de escovação,
lavar as mãos, prática de atividade física e de segurança. O estresse parental
vem sendo menos frequentemente estudado em relação à saúde. Ele pode ser definido
como um desequilíbrio entre as demandas percebidas da parentalidade e os
recursos disponíveis percebidos. Estresse parental e estilo parental são
significativamente relacionados com o comportamento geral de crianças jovens e
problemas de comportamento em crianças com doença crônica Assim, espera-se que
os pais com estresse parental elevado pode impactar negativamente nos
comportamentos relacionados à saúde de seus filhos.
Até o momento, os estudos sobre estilo
parental e comportamentos de saúde de crianças pequenas têm enfatizado os
padrões alimentares. Embora estes sejam relevantes, outros comportamentos de
saúde devem ser igualmente examinados. Com a exceção de estudos enfocando o
sono, os autores não foram capazes de encontrar quaisquer outros estudos que
examinassem também o estresse dos pais e os comportamentos das crianças
relacionados com a saúde em geral. Logo, o objetivo do estudo foi determinar a
relação entre estilo parental e estresse parental com comportamentos
relacionados à saúde de crianças pré-escolares.
Quanto ao método, trata-se de um estudo
descritivo e correlacional. Foram investigadas características de birra (birras
em casa e birras na creche) de crianças entre 18 meses e 5 anos e o estilo
parental dos pais (n = 284) nas cidades
de Seul (n = 149) e Cheonan (n = 135), na Coréia do Sul. Os
instrumentos utilizados foram (1) Health-related
behavior for children, para avaliar comportamentos relacionados à saúde das
crianças; (2) Child Rearing Questionnaire,
para avaliar o estilo parental dos pais; Korean
Parenting Stress Index – Short Form, para mensurar o estresse parental; e
um questionário sobre os dados sociodemográficos dos pais.
Os resultados demonstraram que
aproximadamente 42% dos pais indicaram apresentar estilo autoritativo, 24%
estilo permissivo, 17% autoritário, e 16,5% estilo parental negligente. Quanto
aos níveis de estresse parental, de modo geral, eles foram significativamente
diferentes entre os grupos de estilos parentais. Os pais com estilos parentais
autoritativos relataram menores níveis de estresse, enquanto que os pais com
estilos parentais negligentes registraram maiores níveis de estresse parental.
Dos comportamentos relacionados à saúde
das crianças, os mais frequentes foram tomar cálcio três vezes ao dia e escovar
os dentes antes de dormir. Os menos frequentes incluíram as visitas de rotina
odontológica, usar cadeirinhas de assento no carro, e usar capacetes ao andar
de bicicleta. Houve diferenças significativas em todos os comportamentos
saudáveis entre os quatro estilos parentais. Os pais com estilo parental
autoritativo indicaram números significativamente mais elevados de
comportamentos relacionados à saúde das crianças, bem como os pais de estilo
parental autoritário.
As relações encontradas no estudo
sugerem que quanto mais elevado o estresse parental menores serão as
ocorrências de comportamentos relacionados à saúde para com as crianças. Também
foram observadas relações significativas entre comportamentos de saúde e
parentalidade, especificamente com o estilo autoritativo e autoritário, quando
comparados com o estilo parental negligente. O estilo permissivo não foi
significativamente associado com tais comportamentos. Além disso, observou-se
que as variáveis: presença de irmãos, maior renda familiar, maior nível de
escolaridade do pai e menor IMC, foram significativamente correlacionadas com
os comportamentos relacionados à saúde das crianças.
De maneira geral conclui-se que houve
diferenças significativas nos comportamentos relacionados com a saúde dos filhos
nos quatro tipos de estilos parentais, e o estresse parental foi
significativamente relacionado com tais comportamentos. Como limitações, os
autores apontam, dentre outras, o fato do estudo ter sido transversal, e que,
portanto, a causalidade não pode ser assumida. Para futuras pesquisas, eles
sugerem estudos longitudinais que possam dar continuidade na análise do efeito
do estilo parental e do estresse parental nos mais diferentes comportamentos
relacionados com a saúde de crianças em idade escolar.
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