Influência do exercício de força e anabolizantes no cérebro

21:23
Postado por Monique Carregosa

O exercício de força ou também chamado de treinamento de resistência ou levantamento de peso, está cada vez mais presente no programa de treinamento dos frequentadores de academia. Estudos tem comprovado a sua eficácia na promoção de saúde, terapêutica e reabilitação, mas também tem apontado relação entre a sua prática e o uso de anabolizantes, inclusive em áreas do cérebro relacionadas à memória e à aprendizagem.


É importante salientar que as atividades praticadas nas academias e centros esportivos incluem além de atividade aeróbia, exercícios de força. Realmente, combinações de exercícios aeróbios e de força (também conhecido como treinamento de resistência ou de levantamento de peso) são essenciais na rotina dos programas de exercícios físicos.Investigações científicas mostram que o treinamento de força melhora não somente a força muscular, mas também a massa muscular e massa óssea, a flexibilidade, o equilíbrio dinâmico, o humor, a autoconfiança e a autoestima dos praticantes. Ainda, os sintomas de muitas doenças crônicas, tais como artrite, depressão, diabetes tipo-2 e da osteoporose podem ser reduzidos após um programa adequado de exercícios de força ou resistência muscular.
Entretanto, ainda são escassas as informações sobre o exercício de força ou resistido no sistema nervoso central (Cassilhas et al., 2007, 2012). É importante salientar que esse tipo de exercício é o mais praticado pelas pessoas que geralmente utilizam de forma abusiva os anabolizantes (esteróides anabólicos androgênicos - EAA) em academias de ginástica ou para melhorarem o desempenho esportivo. Especialmente entre jovens, o uso abusivo dessas substâncias é crescente, e em geral, tem sido usado principalmente para estética ou aparência pessoal (Lumia e McGinnis, 2010).Estes hormônios (EAA) compreendem a testosterona e seus derivados. Eles são produzidos nos testículos e no córtex adrenal (glândulas adrenais) e promovem as características sexuais secundárias associadas à masculinidade (Arlt, 2006). As glândulas adrenais e os ovários representam as principais fontes de androgênios (hormônios sexuais) em mulheres e as glândulas adrenais e os testículos nos homens. Seus efeitos no sistema nervoso central (SNC) vêm sendo crescentemente estudados. Apresentam funções na diferenciação sexual do SNC no período embrionário e interferem na conduta sexual masculina e agressividade Efeitos 
* Doses suprafisiológicas de EAA podem causar efeitos fisiológicos e comportamentais adversos. Alterações psiquiátricas, como aumento da ansiedade, depressão, irritabilidade e agressividade são comumente vistos em usuários de AAS (Sjöqvist et al, 2008). Em doses suprafisiológicas, os EAA podem elevar a atividade de neurotransmissores em áreas do SNC, o que pode modificar os centros de controle do humor e comportamento. Como efeitos colaterais oberva-se hipercolesterolemia (colesterol ruim alto), hepatotoxidade (danos no fígado ocasionados por substâncias químicas), hipertensão, infarto e acidente vascular encefálico após uso crônico e abusivo de EAA (Ishak e Zimmerman, 1987; van Amsterdam, 2010). Em geral, os estudos são contraditórios quantos aos efeitos dos EAA na cognição e humor. Em estudos com animais, a administração de altas doses de EAA mostraram prejuízo em testes de memória. Em contrapartida, os EAA podem melhorar a aprendizagem e memória em doses fisiológicas para adultos e idosos com ou sem declínio cognitivo (Tan et al., 2004; Hajszan et al., 2008). Neste sentido, é importante entender como doses elevadas de EAA associados ao exercício resistido podem afetar a função cerebral. O grupo de pesquisadores da UNIFESP publicou recentemente na revista Psychoneuroendocrinology, de grande impacto científico, um estudo com animais que verifica a influência do exercício de força associado com um EAA, a nandrolona no hipocampo (região do sistema nervoso relacionada a memória e aprendizado) (Novaes Gomes e col., 2014). Os animais foram submetidos a um protocolo de exercício de força, onde se observa alterações musculares (hipertrofia) similares a um treinamento em humanos.Os resultados mostraram que o treinamento de força provocou um aumento do número de células e proteínas relacionadas à proteção celular nesta região estudada e este efeito foi diminuído quando o exercício foi associado ao uso de dose suprafisiológica deste anabolizante. Este é um estudo preliminar que aborda apenas alguns aspectos desses tratamentos na função cerebral. Entretanto, não está bem esclarecido se e como o uso ilícito de EAA pode prejudicar os efeitos benéficos do exercício de força no SNC. Mais estudos são necessários para avaliar os efeitos do exercício de força associado com o abuso de EAA nas alterações funcionais e comportamentais do sistema nervoso. * A indicação seria para uso terapêutico, isto é, como intervenção no tratamento de enfermidades”.












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