O suicídio e sua relação com o comportamento impulsivo-agressivo.
Resenhado por Mariana Serrão
Turecki,
G. (1999). O suicídio e sua relação com o comportamento impulsivo-agressivo. Revista Brasileira de Psiquiatria, 21,
18-22.
O presente artigo faz uma revisão e discussão de
estudos que investigaram fatores genéticos no comportamento suicida, assim como
esta relação com os traços impulsivo-agressivos. O comportamento suicida pode
ser classificado em três categorias ou domínios: ideação suicida, tentativas de
suicídio e suicídio propriamente dito. A presença de ideação suicida e,
principalmente, de uma história positiva de tentativas de suicídio têm sido
vista como tendo um importante valor preditivo na avaliação do risco para
suicídio, entretanto ainda é necessário estudos para sua compreensão.
O suicídio tornou-se um problema de saúde pública
devido aos elevados números, estando entre as 10 primeiras causas de morte na
maioria dos países, nas primeiras se tratando de jovens e adultos. As causas
que podem levar o indivíduo a cometer o suicídio são diversas, como fenômenos
biológicos, história pessoal do indivíduo e situações circunstanciais, por
exemplo, podem compor o cenário para o suicídio. Estudos apontam que
transtornos psiquiátricos são uns dos maiores fatores de risco para o suicídio,
e destes os transtornos mais prevalentes entre vítimas de suicídio são o
transtorno depressivo e a dependência ou abuso ao álcool e/ou a outras
substâncias psicoativas. Várias linhas de evidência sugerem que o denominador
comum entre a maioria dos sujeitos que cometem suicídio é a presença de
comportamentos impulsivos e impulsivo-agressivos, o que foi apontado neste
artigo.
Nos últimos 20 anos, estudos neurobiológicos indicam
que uma redução na atividade serotoninérgica é associada com o comportamento
suicida, particularmente entre casos que apresentam altos níveis de traços
impulsivos e impulsivo-agressivo. Estudos mais recentes têm encontrado um
aumento no córtex pré-frontal do binding de agonistas serotoninérgicos a
receptores pós-sinápticos de serotonina, principalmente o receptor 2ª,
apontando uma up regulation compensatória em resposta a uma atividade
serotoninérgica reduzida nesta região cerebral, o que é de grande interesse já
que o córtex pré-frontal esta envolvido na execução da função inibidora .Lesões
nesta área resultam em desinibição do impulso e do comportamento agressivo.
Portanto, é possível que sujeitos com uma redução serotoninérgica nesta região
cerebral possam ter uma maior predisposição a atuar impulsivamente e auto
agressivamente quando expostos a situações estressantes, tais como aquelas
causadas pela presença de quadros psiquiátricos e, em algumas instâncias, isto
poderia resultar na manifestação de comportamento suicida.
A relação neurobiológica não está diretamente ligada
ao suicídio, sua relação direta é com o comportamento impulsivo agressivo e
impulsivos que podem ser uma das causas do suicídio.
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