Self-injurious implicit attitudes among adolescent suicide attempters versus those engaged in nonsuicidal self-injury

Postado por Luana Santos

Dickstein, D. P., Puzia, M. E., Cushman, G. K., Weissman, A. B., Wegbreit, E., Kim, K. L., Nock, M. K., & Spirito, A. (2015). Self-injurious implicit attitudes among adolescent suicide attempters versus those engaged in nonsuicidal self-injury. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 56 (10), 1127 – 1136.


O suicídio é um dos problemas de saúde mental que afetam adolescentes, além de também ser uma faixa etária que apresenta problemas que estão potencialmente relacionados, como a autolesão não-suicida (ANS), por exemplo. A ANS é definida, em geral, como a destruição deliberada do tecido corporal sem intenção de matar-se e, muitos estudos mostram que pode aumentar o risco de tentativa de suicídio em sete vezes. Assim, é relevante a comparação de grupos homogêneos de adolescentes envolvidos em tais comportamentos separadamente, para o melhor entendimento do escopo de cada um. Ademais, estudar a associação ímplicita em relação autolesão (self-injurious implicit association task, ou SI-IAT) é importante, visto que fornece dados comportamentais objetivos sobre problemas para os quais as pessoas podem não ter consciência ou são motivadas a esconder, como o comportamento suicida e a ANS.
Frente tais necessidades, o estudo avaliou associações implícitas com corte e morte/suicídio usando o SI-IAT informatizado em três grupos mutuamente exclusivos: adolescentes que tiveram comportamento suicida, mas nunca haviam se envolvido em ANS (n = 47); adolescentes que se envolveram em ANS mas nunca tiveram comportamento suicida (n = 46); e grupo controle com adolescentes de desenvolvimento típico e sem histórico de problemas psiquiátricos (n = 43). A hipótese dos autores era que os participantes que se envolveram em ANS teriam identificação implícita forte com corte maior do aqueles que tiveram comportamento suicida, que por sua vez teriam identificação implícita mais forte com a morte e suicídio.
Para melhor caracterizar a duração da ANS, foi administrada a Entrevista de Pensamentos e Comportamentos Autolesivos (SITBI), uma entrevista estruturada que mede a presença, frequência e características de vários tipos de pensamentos e comportamentos autoagressivos. Os participantes também responderam a Escala Beck de Ideação Suicida (BSS), uma escala de autorrelato que avalia a gravidade de pensamentos suicidas atuais e comportamentos relacionados ao suícidio de um indivíduo. Além destes, também foi usado o SI-IAT computadorizado, uma tarefa baseada no desempenho partindo do pressuposto de que é mais fácil responder comportamentalmente quando dois conceitos são fortemente associados, nela os participantes são instruídos a classificar estímulos o mais rápido possível como pertencentes a categorias à esquerda e à direita da tela.
Os resultados mostraram que participantes que praticavam ANS tinham identificação mais forte com o corte do que aqueles que praticaram comportamento suicida sem ANS, porém, ao contrário da hipótese dos autores, estes participantes também tiveram identificação mais forte com o suicídio/morte. Análises secundárias
mostraram que essas alterações são moderadas pelo status social, além de serem comórbidas com transtornos como a depressão, por exemplo.
Uma das interpretações é que possivelmente ANS fornece uma estratégia de coping para evitar o comportamento suicida, visto que participantes que praticam ANS são mais prováveis de relatar que se engajam em autodano para lidar com um estado emocional do que aqueles que praticam algum comportamento suicida.
Contudo, apesar da ausência de intenção suicida, não se deve menosprezar a importância dos comportamentos de ANS, tampouco suas possíveis consequências, os achados deste trabalho em relação às atitudes implícitas comprovam sua relevância. Outros trabalhos devem focar os mecanismos pelos quais os jovens engajados em ANS elucidam essas identificações fortes, a fim de novas formas de prevenção e tratamento.

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