Quais são os recentes achados clínicos sobre a associação entre depressão e suicídio?

Resenhado por Brenda Fernanda


Chachamovich, E., Stefanello, S., Botega, N., Turecki, G. (2009). Quais são os recentes achados clínicos sobre a associação entre depressão e suicídio?. Revista Brasileira de Psiquiatria, 31(Suppl. 1), S18-S25.



Sabe-se que o suicídio é uma das maiores causas de mortalidade ao redor do mundo, em especial entre os jovens, já sendo considerado como questão de saúde pública. Além do extenso número de mortes por suicídio – que muitas vezes não é divulgado e fica à sombra dos homicídios, entre outros –, as tentativas de suicídio crescem cada vez mais. O suicídio é avaliado como desfecho de diversos fenômenos complexos, derivados da interação de variados fatores, como por exemplo, fatores genéticos, falta de suporte social e familiar e psicopatologias.
No presente artigo, discorre-se sobre como a associação entre o quadro clínico de depressão e comportamento suicida vem sendo apresentada. Diversos estudos parecem corroborar em variados desenhos metodológicos e em diferentes populações. Dentre os sujeitos com depressão, pode-se dizer que alguns fatores que aumentam a chance de morte por suicídio são a dependência química, ansiedade grave, crises de pânico, agitação e insônia. Além disso, dentre os mais velhos, é comum a coexistência de doenças não psiquiátricas e, dentre os mais novos, transtornos de personalidade.
Outra relação apresentada no trabalho é entre agressividade/impulsividade e o suicídio. Diversas linhas de pesquisa têm abordado esta relação causal por meio de distintas estratégias metodológicas. Pode-se dizer que comportamentos agressivos e impulsivos estão presentes não só em indivíduos com depressão, mas também em vítimas de suicídio que apresentavam outros diagnósticos, como transtorno de abuso de substâncias e transtorno de personalidade borderline. A associação entre comportamento agressivo e impulsivo parece não depender do quadro psicopatológico. Assim, impulsividade e agressividade podem ser mediadores entre depressão e suicídio. Além disso, o uso de métodos violentos de suicídio também ressalta a relação com os níveis de agressividade ao longo da vida.
Admitindo a associação entre psicopatologias e o risco de suicídio, pode-se dizer que a detecção e o tratamento adequado de pessoas acometidas por estes transtornos, principalmente a depressão, através do atendimento em serviços gerais de saúde, parece ser a forma mais efetiva de prevenir o suicídio. Assim, para que os novos achados teóricos sejam clinicamente úteis, estes deveriam possibilitar um olhar mais profundo acerca do contexto de uma pessoa suicida, bem como a adoção de estratégias específicas de tratamento e de prevenção mais eficientes.

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