Depressão e diabetes mellitus.
Resenhado por Brenda Fernanda
Fráguas, R., Soares, S. M. de S. R., & Bronstein,
M. D. (2009). Depressão e diabetes mellitus. Revista de Psiquiatria Clínica, 36,
93-99.
O diabetes mellitus é uma doença
crônica caracterizada pela elevação da taxa de glicose no sangue (hiperglicemia),
decorrente da resistência à ação da insulina, secreção insuficiente deste
hormônio, ou ambos. Acomete aproximadamente 7% da população brasileira, e suas
principais formas são o diabetes tipo 1, que ocorre quando existe deficiência
absoluta de insulina, e o diabetes tipo 2, caracterizado por resistência à
insulina com insuficiente elevação compensatória da secreção desse hormônio. O primeiro
compreende cerca de 5% a 10% dos casos de diabetes, ocorrendo habitualmente em
crianças e adolescentes. Pacientes com esse tipo de diabetes necessitam
diariamente da administração de insulina.
O diabetes tipo 2 é a forma mais comum de diabetes, e compreende por
volta de 90% dos casos, dos quais 80% dos pacientes apresentam sobrepeso ou
obesidade por ocasião do diagnóstico.
O artigo discorre acerca do quadro clínico, diagnóstico laboratorial e tratamento do diabetes, tanto em relação à dieta balanceada como sua base, como no que diz respeito ao tratamento medicamentoso, feito através da administração de insulina – base do tratamento do diabetes tipo 1 – e dos antidiabéticos orais, que têm demonstrado grande avanço no tratamento medicamentoso do diabetes tipo 2. Além disso, existem tratamentos especiais, como, em alguns casos, o transplante pancreático.
Em relação aos estudos realizados sobre a prevalência da depressão nos quadros clínicos diabéticos, têm-se os seguintes dados: nos estudos controlados, a prevalência de depressão com entrevista estruturada foi de 9%. A depressão na população com diabetes foi mais frequente em mulheres (28%) do que em homens (18%), nos estudos sem grupo controle (30%) do que nos estudos que incluíram um grupo sem diabetes como controle (21%), em pacientes provenientes de serviços de saúde (32%) do que em pacientes da comunidade (20%) e mais frequente quando a avaliação foi realizada por instrumentos de autoavaliação (31%) do que quando feita com entrevistas padronizadas (11%). Não houve diferença na prevalência de depressão entre o diabetes tipo 1 e tipo 2 (Anderson, Freedland, Clouse, & Lustman, 2001).
O diagnóstico da depressão em pacientes com outras condições médicas geralmente é acompanhado da problemática da semelhança entre sintomas da depressão e os da condição médica em questão. Assim, sintomas como perda de peso e apetite, hipersonia, diminuição da libido e retardo psicomotor têm sido citados como próprios do diabetes, independente da depressão. No entanto, a prática vem mostrando que o diagnóstico da depressão no diabetes não é tão controverso como em outras condições médicas. Uma estratégia recomendada na literatura para o diagnóstico preciso é a utilização de outros sintomas depressivos que não os possivelmente decorrentes do diabetes (Lustman, Griffith, & Clouse, 1997).
Além disso, a depressão pode atuar como fator de risco para o desenvolvimento do diabetes, piorar seus sintomas e interferir no autocuidado dos pacientes. Alguns estudos apontam dados que confirmam isso. Uma pesquisa de Eaton et al. (1996) apresentou risco relativo de 2,3 (p = 0,08) para a ocorrência do diagnóstico de diabetes 13 anos depois naqueles que tinham depressão. Um estudo desenvolvido no Japão por Kawakami et al. (1999) encontrou risco de 2,3 (p < 0,05) para a ocorrência do diagnóstico de diabetes tipo 2 num período de 8 anos. Em estudo realizado na Noruega, a depressão em conjunto com a ansiedade foi preditora de diagnóstico de diabetes tipo 2 num período de 10, chamando a atenção para que a comorbidade entre depressão e a ansiedade seja relevante para o aumento de risco para o diabetes (Engum, 2007).
Outro fator relevante é o impacto da depressão no diabetes. Esta tende a comprometer vários domínios da qualidade de vida, incluindo saúde física e psicológica, relacionamento social, entre outros (Eren, Erdi, & Sahin, 2008). Além disso, a presença de depressão em pacientes com diabetes foi associada a um aumento da sintomatologia, isto é, aqueles com depressão apresentavam mais sintomas do que aqueles sem depressão (Ciechanowski, Katon, Russo, & Hirsch, 2003).
No que diz respeito ao tratamento da depressão, uma alternativa é a psicoterapia, que, apesar de benéfica para melhora dos sintomas depressivos, não apresenta evidência de benefício no controle glicêmico. Além disso, os autores ressaltam a necessidade do desenvolvimento de novos estudos a fim de investigar a eficácia da terapia para a depressão associada ao diabetes. Quanto ao tratamento medicamentoso, alguns antidepressivos tendem a aumentar os níveis glicêmicos, outros não interferem na glicemia, e há evidências de que certos tipos melhoram os níveis glicêmicos e podem reduzir a taxa de recaídas. Além disso, a eletroconvulsoterapia também é uma estratégia interessante para esses pacientes, recomendando-se, no entanto, monitorização da glicemia.
Pode-se concluir que o tratamento farmacológico ou psicoterápico da depressão associada ao diabetes é eficaz. Ainda, é válido ressaltar o papel que o psicólogo exerce no tratamento do paciente diabético, auxiliando-o a lidar com suas angústias e compreendendo as dificuldades em lidar com as perdas do corpo saudável e de sua autonomia.
O artigo discorre acerca do quadro clínico, diagnóstico laboratorial e tratamento do diabetes, tanto em relação à dieta balanceada como sua base, como no que diz respeito ao tratamento medicamentoso, feito através da administração de insulina – base do tratamento do diabetes tipo 1 – e dos antidiabéticos orais, que têm demonstrado grande avanço no tratamento medicamentoso do diabetes tipo 2. Além disso, existem tratamentos especiais, como, em alguns casos, o transplante pancreático.
Em relação aos estudos realizados sobre a prevalência da depressão nos quadros clínicos diabéticos, têm-se os seguintes dados: nos estudos controlados, a prevalência de depressão com entrevista estruturada foi de 9%. A depressão na população com diabetes foi mais frequente em mulheres (28%) do que em homens (18%), nos estudos sem grupo controle (30%) do que nos estudos que incluíram um grupo sem diabetes como controle (21%), em pacientes provenientes de serviços de saúde (32%) do que em pacientes da comunidade (20%) e mais frequente quando a avaliação foi realizada por instrumentos de autoavaliação (31%) do que quando feita com entrevistas padronizadas (11%). Não houve diferença na prevalência de depressão entre o diabetes tipo 1 e tipo 2 (Anderson, Freedland, Clouse, & Lustman, 2001).
O diagnóstico da depressão em pacientes com outras condições médicas geralmente é acompanhado da problemática da semelhança entre sintomas da depressão e os da condição médica em questão. Assim, sintomas como perda de peso e apetite, hipersonia, diminuição da libido e retardo psicomotor têm sido citados como próprios do diabetes, independente da depressão. No entanto, a prática vem mostrando que o diagnóstico da depressão no diabetes não é tão controverso como em outras condições médicas. Uma estratégia recomendada na literatura para o diagnóstico preciso é a utilização de outros sintomas depressivos que não os possivelmente decorrentes do diabetes (Lustman, Griffith, & Clouse, 1997).
Além disso, a depressão pode atuar como fator de risco para o desenvolvimento do diabetes, piorar seus sintomas e interferir no autocuidado dos pacientes. Alguns estudos apontam dados que confirmam isso. Uma pesquisa de Eaton et al. (1996) apresentou risco relativo de 2,3 (p = 0,08) para a ocorrência do diagnóstico de diabetes 13 anos depois naqueles que tinham depressão. Um estudo desenvolvido no Japão por Kawakami et al. (1999) encontrou risco de 2,3 (p < 0,05) para a ocorrência do diagnóstico de diabetes tipo 2 num período de 8 anos. Em estudo realizado na Noruega, a depressão em conjunto com a ansiedade foi preditora de diagnóstico de diabetes tipo 2 num período de 10, chamando a atenção para que a comorbidade entre depressão e a ansiedade seja relevante para o aumento de risco para o diabetes (Engum, 2007).
Outro fator relevante é o impacto da depressão no diabetes. Esta tende a comprometer vários domínios da qualidade de vida, incluindo saúde física e psicológica, relacionamento social, entre outros (Eren, Erdi, & Sahin, 2008). Além disso, a presença de depressão em pacientes com diabetes foi associada a um aumento da sintomatologia, isto é, aqueles com depressão apresentavam mais sintomas do que aqueles sem depressão (Ciechanowski, Katon, Russo, & Hirsch, 2003).
No que diz respeito ao tratamento da depressão, uma alternativa é a psicoterapia, que, apesar de benéfica para melhora dos sintomas depressivos, não apresenta evidência de benefício no controle glicêmico. Além disso, os autores ressaltam a necessidade do desenvolvimento de novos estudos a fim de investigar a eficácia da terapia para a depressão associada ao diabetes. Quanto ao tratamento medicamentoso, alguns antidepressivos tendem a aumentar os níveis glicêmicos, outros não interferem na glicemia, e há evidências de que certos tipos melhoram os níveis glicêmicos e podem reduzir a taxa de recaídas. Além disso, a eletroconvulsoterapia também é uma estratégia interessante para esses pacientes, recomendando-se, no entanto, monitorização da glicemia.
Pode-se concluir que o tratamento farmacológico ou psicoterápico da depressão associada ao diabetes é eficaz. Ainda, é válido ressaltar o papel que o psicólogo exerce no tratamento do paciente diabético, auxiliando-o a lidar com suas angústias e compreendendo as dificuldades em lidar com as perdas do corpo saudável e de sua autonomia.
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