Práticas Baseadas em Evidências e cuidados paliativos em UTINs
Postado por Danielle Alves Menezes
Kenner, C., Press, J., & Ryan, D. (2015). Recommendations for palliative and bereavement care in the NICU: A family-centered integrative approach. Journal of Perinatology, 35(S1), S19–S23. doi: https://doi.org/10.1038/jp.2015.145
Avanços tecnológicos têm permitido identificar precocemente riscos ou limitações na vida de bebês, inclusive aqueles que podem levar à morte. Com o objetivo de preparar a família para lidar com esses momentos, Kenner e Ryan (2015) discutem estratégias de cuidados paliativos a partir de práticas baseadas em evidências.
Para os autores, a identificação precoce de problemas com o bebê impõe à família a necessidade de decidir quanto ao prosseguimento da gravidez, a intervenções médicas (como cirurgia fetal ou neonatal), preparação para uma morte fetal ou neonatal, ou planejamento pós-nascimento. São exemplos de situações desafiadoras e angustiantes para as famílias quando o feto é diagnosticado com uma condição limitante, aborto espontâneo, gravidez ectópica, morte fetal, nascimento de um bebê extremamente prematuro, e quando o bebê, após nascimento, permanece gravemente doente em UTINs (Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal) não respondendo ao tratamento médico mais agressivo.
Abordagens multidisciplinares que buscam dar conta dessas dificuldades junto às famílias têm se mostrado fragmentadas, insuficientes e massivamente centradas na ocorrência de morte. Isso torna necessário o recrutamento de estratégias mais adequadas para o apoio a essas famílias nas diversas situações. A eficácia dessas estratégias tem sido associada à consideração das decisões da família sem sobrecarregá-la, particularmente quando o norte primordial das ações é dirigido para a diminuição dos sentimentos de tristeza, do estresse psicossocial e do isolamento social.
Para isso, recomenda-se o viés multidisciplinar em cuidados paliativos, incluindo a Psicologia, em diversos momentos: (1) para pais que perdem um bebê antes, durante ou logo após o nascimento, ou mais tarde na UTIN devem ser oferecidos: orientação antecipatória em relação ao processo de luto; participação em rituais de luto, incluindo aqueles que atendem as suas preferências espirituais, religiosas e culturais (os rituais podem envolver uma variedade de práticas, a exemplo de fotografias dos bebês); apoio psicossocial para todos os membros familiares; aconselhamento sobre condições físicas e psicológicas para tentar outra gravidez. (2) Para famílias em que os bebês foram identificados com condições limitantes ainda no pré-natal, devem ser programadas conferências multidisciplinares que visem estruturação de planos (de parto, de cuidados, de nutrição, de possível extensão de ressuscitação) em conformidade com a cultura de cada família, e promoção de oportunidades de criação de vínculo com o bebê sempre que possível, pois facilitam o enfrentamento.
Assim, torna-se importante a criação de um plano estruturado de cuidados paliativos que seja considerado padrão e não como uma estratégia adicional na instituição hospitalar. Deve ser ainda centrado na família, considerando nuances culturais e a maneira como ela escolherá lidar com essa situação, o que favorecerá maior conforto possível das famílias e recém-nascidos.
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