Anxiety and depression symptoms and migraine: a symptom-based approach research / Sintomas de ansiedade e depressão e enxaqueca: uma pesquisa de abordagem baseada em sintomas
Peres, M., Mercante,
J., Tobo, P., Kamei, H., Bigal. M. (2017).
Anxiety and depression symptoms and migraine: A symptom-based approach
research. The Journal of Headache and Pain,
18(37). doi 10.1186/s10194-017-0742-1
Resenhado por Ariana Moura
A enxaqueca é
conhecida por ser um distúrbio multifatorial, com aspectos genéticos,
hormonais, ambientais, dietéticos, do sono e psicológicos, desempenhando um
papel diferente em cada indivíduo. Pesquisas antigas e recentes têm observado os
transtornos de ansiedade e de humor como as comorbidades psiquiátricas mais
relevantes associadas à enxaqueca, influenciando a prevalência da doença, o
prognóstico, o tratamento e os desfechos clínicos. Estudos relataram que
transtornos de humor e ansiedade são duas a dez vezes mais comuns em pacientes
com enxaqueca do que na população geral. Além disso, eles estão
relacionados, tanto no ambiente clínico quanto na população em geral, a pior
qualidade de vida e aumento do risco de suicídio.
Transtornos de ansiedade e humor coexistem na população em geral e
também em pacientes com dor de cabeça. A marca da ansiedade é a preocupação
excessiva, enquanto na depressão falta de energia, motivação e tristeza
prevalecem. Ambas as desordens exibem sintomas físicos
significativos. Na ansiedade, irritabilidade, problemas de concentração e
agitação são comuns, enquanto que na depressão, fadiga, distúrbios de sono e mudanças
no apetite estão incluídos na definição diagnóstica.
Diante disso, o objetivo do estudo foi testar a hipótese de que a
enxaqueca pode não estar igualmente relacionada à ansiedade e a depressão. De
967 participantes entrevistados, 782 completaram o questionário e 213
pacientes se encaixaram em critérios diagnósticos para enxaqueca.
Nos resultados,
observou-se que a maioria dos itens de ansiedade e depressão foram
significativamente relacionados à enxaqueca em comparação com os controles sem
cefaleia. No entanto, ao comparar os sintomas de ansiedade e depressão e sua
relação com a enxaqueca, a razão de chances é muito maior para os sintomas de
ansiedade do que para os sintomas depressivos. Itens de ansiedade tiveram
chances cada vez maiores, significando que quanto maior a pontuação, maior a
chance de enxaqueca. Isso não foi visto para a maioria dos sintomas de
depressão.
Para os autores, a incapacidade de controlar a preocupação e não
conseguir relaxar são os problemas mais proeminentes na comorbidade
psiquiátrica da enxaqueca. A implicação de não controlar a ansiedade no dia a
dia, bem como não relaxar facilmente, sentir-se ansioso e experimentar um
excesso diário de preocupação devem ser levados em consideração no manejo da
enxaqueca.
A detecção de sintomas de ansiedade e a implementação de tratamentos
farmacológicos e não farmacológicos poderiam melhorar o controle da dor de
cabeça e a qualidade de vida dos pacientes. Psicoterapias, assim como
técnicas de relaxamento físico e mental, podem ser úteis para estratégias
terapêuticas de prevenção da enxaqueca.
Por fim, ressalta-se a relevância desta pesquisa dentro da Psicologia da
Saúde por investigar a relação entre enxaqueca e transtornos mentais comuns,
depressão e ansiedade, observando a influência destes no desfecho da doença,
bem como a importância da psicoterapia no controle da dor.
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