Prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados entre idosos de um município do Brasil
Silva, P. A. dos S.
da; Rocha, S. V.; Santos, L. B.; Santos, C. A. dos; Amorim, C. R.; &
Vilela, A. B. A. (2018). Prevalência de transtornos mentais comuns e fatores
associados entre idosos de um município do Brasil. Ciência
& Saúde Coletiva, 23(2),
639-646.
Resenhado por Michelle Leite
Os transtornos metais comuns
(TMC) se caracterizam por um conjunto de sintomas como ansiedade, insônia,
fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas
somáticas, e são uma das morbidades psíquicas mais presentes. No Brasil, a
prevalência entre os idosos varia entre 29,7% a 47,7%. Devido à alta
prevalência e aos graves efeitos sobre o bem-estar pessoal, familiar, no
trabalho e no uso de serviços de saúde, os TMC são considerados como um
problema de saúde pública.
Em virtude da carência de pesquisas
populacionais acerca da saúde mental dos
idosos, o presente estudo teve como objetivo estimar a prevalência e os fatores
associados aos TMC entre idosos de um município do Brasil. O estudo teve um
corte transversal e foi realizado com 310 idosos da cidade de Ibicuí (BA). Os
critérios de inclusão estabelecidos foram: a idade (igual ou maior que 60 anos)
e o local de moradia (Ibicuí-BA). Foram excluídos todos os indivíduos com
diagnóstico de demência ou qualquer outro tipo de alteração cognitiva. Os
instrumentos utilizados na coleta de dados foram o Instrumento de Avaliação da
Saúde de Idosos (IASI), o Self Reporting Quetionnaire (SRQ-20) e um
questionário sociodemográfico. Os dados foram analisados através do SPSS. Foram
feitas análises descritivas e calculadas razões de prevalência e análise de
regressão.
Os resultados indicaram que a
prevalência geral de TMC foi de 55.8%. Os sintomas mais relevantes foram
assustar-se com facilidade (57,4%) e sentir-se nervoso, tenso ou preocupado
(54,5%). Identificou-se maior prevalência de TMC entre idosos do sexo feminino
(66,9%), faixa etária maior ou igual a 80 anos (62%) e não alfabetizados (61%).
A presença de TMC também foi mais acentuada em indivíduos que referiram maior
tempo gasto sentado (62,6%), inativos no lazer (48,5%), que consumiam bebidas
alcóolicas regularmente (61,5%) e que fumam atualmente (58,3%). Pessoas do sexo
feminino e que referiram reumatismo apresentaram maiores prevalências de TMC.
O processo de envelhecimento
está relacionado a diversos fatores como a elevada presença de comorbidades e
incapacidades, condições precárias de vida, acúmulo de episódios de estresse
durante a vida e isolamento social, que favorecem o desenvolvimento dos TMC.
Nessa perspectiva, dados como estes encontrados no estudo, juntamente à atuação
da psicologia da saúde, contribuem para construção do conhecimento para este
grupo ainda pouco estudado e para as políticas públicas de atenção à saúde e
qualidade de vida dos idosos, de modo a promover mais medidas de intervenção
direcionadas.
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