Prevalência e fatores associados ao consumo de álcool e de tabaco em idosos não institucionalizados


Barbosa, M. B., Pereira, C. V., Cruz, D.T., & Leite, I. C. G. (2018). Prevalência e fatores associados ao consumo de álcool e de tabaco em idosos não institucionalizados. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia21(2), 123-133. doi: 10.1590/1981-22562018021.170185

Resenhado por Daiane Nunes

            Independentemente do padrão de consumo (quantidade e frequência), o uso de álcool e tabaco pode ser potencialmente nocivo à saúde dos idosos, produzindo impactos significativos em seu estado físico e mental, contribuindo também para o isolamento social e comprometimento do desempenho cognitivo. No Brasil, existem poucos dados sobre a prevalência do tabagismo e consumo de álcool entre idosos, de modo que, o presente estudo objetivou avaliar a prevalência e os fatores associados ao uso de tabaco e de álcool nessa população em Juiz de Fora-MG.
            As variáveis dependentes analisadas foram o consumo de álcool e/ou tabaco, enquanto que as independentes foram classificadas em três blocos: 1- Variáveis demográficas e socioeconômicas (sexo, idade, escolaridade, situação conjugal, etc.); 2- Variáveis referentes à saúde do idoso (morbidades autorreferidas, fragilidade, ansiedade e/ou depressão); e 3- Variáveis relacionadas ao serviço de saúde (uso do Sistema Único de Saúde, plano de saúde, satisfação com o serviço médico de saúde, etc.). A amostra foi constituída por 400 idosos, com média de idade de 73,8 anos (±8,0); em sua maioria  mulheres (64,5%), casados (55,8%), autodeclarados brancos (45,5%), com renda média bruta familiar mensal entre 1.147,00 e 1.685,00 reais (59,0%) e escolaridade de 4,2 anos (±3,4). Os instrumentos utilizados incluíram a Escala de Edmonton, a Patient Health Questionnaire (PHQ-4), o Teste de Fagerstrom e o Audit-C. Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva e regressão multinomial.
            Quanto aos resultados, observou-se a presença de comorbidades em 89,0% dos idosos e 57,8% apresentaram algum nível de fragilidade. A prevalência de tabagismo foi de 9,0% e de ex-tabagista 32,0%, o consumo de álcool foi de 26,7% e o uso concomitante de álcool e tabaco de 3,2%. A análise multivariada por blocos apontou que, no bloco 1, a variável sexo apresentou significância estatística (p < 0,05) tanto para o consumo de álcool, quanto para o tabagismo, enquanto que a idade foi estatisticamente significativa apenas para o tabagismo; no bloco 2, as variáveis fragilidade e presença de comorbidade autorreferida foram estatisticamente significativas para o consumo de álcool e para o tabagismo, respectivamente; e no bloco 3, nenhuma variável apresentou significância estatística para os referidos desfechos. Os resultados da regressão logística multinominal apontaram que permaneceram no modelo final a variável sexo masculino para o consumo de álcool e para o tabagismo, idade e presença de comorbidades autorrelatadas para o tabagismo e para o consumo de álcool manteve-se a presença de fragilidade. Isto é, o perfil mais associado aos hábitos em questão foi o idoso masculino, mais jovem e frágil.
            Por fim, concluiu-se que, embora pouco estudado e diagnosticado, o consumo de álcool e tabaco é comum neste grupo etário e carece de mais atenção por parte dos pesquisadores e profissionais da saúde. Apontou-se, ainda, a necessidade de ações de saúde, de prevenção e intervenção integradas com os aspectos biopsicossociais, a fim de diminuir o consumo e prevenir seus malefícios à saúde.

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