Viuvez Feminina: A fala de um grupo de Idosas


Baldin, C., & Fortes, V. (2008). Viuvez feminina: A fala de um grupo de idosas. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v.5, n.1, 43-54. doi:10.5335/rbceh.2012.257
                                                                           Resenhado por Uquênia Lemos

No Brasil, de acordo com os dados do IBGE, a população de pessoas com mais de 60 anos em 2000, correspondia a 14.536.029, sendo que deste total, as mulheres idosas representavam 8.002.245, o que denota um envelhecimento predominantemente do gênero feminino. Uma grande parte deste contingente feminino de idosas é formada por viúvas, isso devido ao fato das mulheres terem uma maior expectativa de vida e da tendência dos homens viúvos casarem novamente. A viuvez traz à mulher idosa inúmeras transformações nos aspectos físicos, psicológicos e sociais, representando um novo desafio em sua vida. Diante disso, o estudo objetivou conhecer as mudanças que mulheres idosas mais perceberam em seu cotidiano após a morte do cônjuge.
 Tratou-se de um estudo de caráter exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa, realizado no município de Vacaria-Rio Grande do Sul. Contou-se com a participação de oito idosas com idade entre 60 e 78 anos, viúvas de primeira vez, excluindo-se aquelas com viuvez subsequentes ou que tiveram um segundo relacionamento. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas contendo questões norteadoras e sociodemográficas, com duração de quarenta minutos no máximo. Metade das entrevistadas morava sozinha e as demais com familiares. Quanto ao número de filhos, as idosas tinham entre um e cinco filhos; apenas uma não tinha filhos. Todas possuíam casa própria, eram aposentadas e pensionistas. O tempo de vida conjugal foi de 12 a 44 anos e a viuvez variou de 9 a 37 anos, sete enviuvaram na idade adulta, entre os 34 e os 56 anos, apenas uma enviuvou após os 60 anos, nenhuma delas teve um novo relacionamento após a viuvez.
Os dados coletados foram analisados por meio da análise de conteúdo e classificados por categorias: “repercussões da viuvez” incluindo o impacto da perda e a superação, “a participação da família após a perda do companheiro” e “as atividades em que a idosa viúva se envolve.” As idosas, ao rememorar o acontecimento da viuvez, independentemente da idade que ocorreu, relataram que vivenciaram adoecimentos físicos e emocionais, manifestados por: depressão, angústia e solidão, contudo referiram que a presença da família e mudanças de hábitos, tais como: envolvimento com atividades domésticas e sociais (trabalho voluntários e religiosos) contribuíram para ajudar a superar a perda e manter um envelhecimento saudável.
Por fim, apontou-se que a viuvez feminina é um acontecimento que pode desencadear danos psicológicos, sociais e físicos devido à perda do cônjuge com quem, geralmente, estiveram unidas durante um longo período de tempo. Ressalta-se a importância da Psicologia da saúde na promoção de pesquisas e estratégias de enfrentamento de suporte, proteção e prevenção junto a idosas viúvas.


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