Associação longitudinal entre baixa autoestima e depressão em adolescentes precoces: O papel da sensibilidade à rejeição e da solidão
Zhou, J., Li, X., Tian, L., & Huebner, E. S.
(2020). Longitudinal association between low self‐esteem and depression in
early adolescents: The role of rejection sensitivity and loneliness. Psychology and Psychotherapy: Theory,
Research and Practice, 93, 54-71. doi: https://doi.org/10.1111/papt.12207
Resenhado por Geovanna Turri
A depressão é um distúrbio psicológico
comum que se tornou uma das cinco principais causas de sofrimento em todo o
mundo. Dada a ampla gama de aspectos físicos, cognitivos, emocionais e sociais,
a adolescência é considerada um período crítico para o surgimento da depressão.
A depressão em adolescentes parece prever muitos efeitos psicossociais
negativos ao longo da vida, incluindo mau funcionamento psicossocial, deficiência
cognitiva e até mesmo o suicídio. Além disso, o início da adolescência também
representa o período de confusão de identidade e diminuição dos níveis de autoestima.
A redução da autoestima durante essa fase da vida desempenha um papel crítico
na vulnerabilidade crescente à depressão. Embora a relação entre baixa
autoestima e depressão seja bem estabelecida na literatura nacional e
internacional, pouco se sabe sobre os possíveis mecanismos psicológicos que
explicam a relação entre eles. Com base na teoria cognitiva da depressão de
Beck, o objetivo principal do presente estudo foi explorar a noção de que a
sensibilidade à rejeição e a solidão servem como mediadores da relação entre
baixa autoestima e depressão entre os adolescentes.
Para tanto, foi utilizado um desenho
longitudinal, no qual foi avaliado um modelo hipotético com uma amostra de 866
adolescentes que foram recrutados em seis escolas públicas de uma cidade de
médio porte localizada no norte da China. A amostra foi composta por 51% de
adolescentes do sexo feminino e 49% do sexo masculino, entre 11 e 15 anos de
idade que preencheram questionários em três períodos em intervalos de 1 ano (totalizando
4 períodos de tempo: T1, T2, T3 e T4). A baixa autoestima foi medida usando
três subescalas (confiança social, aprendizagem de habilidades e aparência
física) da Escala Revisada de Sentimentos de Inadequação (The Revised Feelings of Inadequacy Scale). Já a sensibilidade de
rejeição foi medida usando a versão chinesa do Questionário de sensibilidade à
rejeição infantil (Child Rejection
Sensitivity Questionnaire), a solidão foi medida usando a escala de solidão
UCLA (The UCLA Loneliness Scale - version
3) e a depressão foi medida usando a Escala de autoavaliação de depressão
para crianças (The Depression Self-Rating
Scale for Children).
A modelagem de equações estruturais
mostrou que: (1) baixa autoestima no T1 previu positivamente a depressão no T3;
(2) a sensibilidade à rejeição no T2 mediou parcialmente a relação entre baixa
autoestima no T1 e depressão no T3; (3) a baixa autoestima no T1 demonstrou
efeitos indiretos parciais sobre a depressão no T3 sucessivamente por meio da
sensibilidade à rejeição e solidão no T2; e (4) a sensibilidade à rejeição
previu um aumento na solidão, mas não vice-versa, e a depressão foi responsável
pela solidão, mas não pela sensibilidade à rejeição. As associações entre baixa
autoestima e depressão entre os primeiros adolescentes podem ser explicadas
pela sensibilidade à rejeição e solidão.
Essas descobertas oferecem uma compreensão mais completa do desenvolvimento da depressão na adolescência e auxilia na prática da psicologia da saúde, uma vez que sugerem intervenções mais abrangentes e, portanto, provavelmente mais eficazes para a depressão em adolescentes.
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