Indícios de transtornos alimentares em adolescentes
Salomão, J.O., Marinho, I. P., Leite, A.F.V., & Acosta, R.J.LT. (2021). Indícios de transtornos alimentares em
adolescentes. Brazilian
Journal of Health Review, 4(2), p. 5665-5678. doi:10.34119/bjhrv4n2-133
Resenhado
por Ariana Moura
Os transtornos alimentares (TAs) são
síndromes psiquiátricas com etiologia multifatorial cujos os sintomas começam a
aparecer ainda na adolescência. Os principais tipos de transtornos alimentares
são a anorexia e a bulimia nervosa, transtorno compulsivo alimentar periódico e
a vigorexia.
A anorexia nervosa se traduz na recusa
patológica e sistemática da ingestão de alimentos, originando uma consequente
perda de peso. Já a bulimia nervosa é caracterizada pelo objetivo de perder
peso rapidamente, com a prática de comportamentos compensatórios após compulsão
alimentar, envolvendo a indução forçada do vômito e o uso de laxantes. a
vigorexia é um transtorno corporal dismórfico em que o indivíduo se vê mais magro
do que é na realidade e apresenta pensamentos repetidos acerca da necessidade
de exercício físico, com o objetivo de aumentar a massa muscular. Por outro
lado, o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódico (TCAP) é caracterizado pela
ingestão de grande quantidade de alimentos em um período de tempo delimitado
(até duas horas), acompanhado da sensação de perda de controle sobre o quê ou o
quanto se come.
Alguns autores associam a influência do
aumento dos TAs à superexposição de modelos corporais nos meios de comunicação
com a divulgação de uma ótica corpórea estereotipada e determinada pelas
relações de mercado. Neste contexto, a procura da beleza e o culto de um corpo
perfeito têm promovido o aparecimento de patologias psiquiátricas.
O estudo aqui apresentado teve como
objetivo investigar indícios de
transtornos alimentares em adolescentes na rede pública e privada de ensino no
município de Passos/MG. Utilizou-se questionários autoaplicáveis e validados
para tendências de anorexia, bulimia, transtorno compulsivo alimentar periódico
e vigorexia em ambos os sexos. Tratou-se de um estudo observacional, analítico
e transversal, com delineamento amostral não probabilístico por conveniência.
A amostra final foi de 25 alunos, 11
meninas e 14 meninos com média de idade de 12,36 anos. A classificação em baixo
peso foi identificada mais no sexo feminino. Detectou-se somente uma estudante
com alto critério para compulsão alimentar e quatro participantes com compulsão
moderada. Além disso, identificou-se altos escores de sintomas de vigorexia em
20% da amostra e 28% dos adolescentes apresentaram riscos para TAs, sendo o
risco mais elevado entre as meninas (16%).
Os distúrbios do comportamento alimentar
são considerados transtornos mentais graves que causam prejuízos à saúde
física, ao desenvolvimento, à cognição e à função psicossocial e podem passar
despercebidos por meses ou anos. Apesar da gravidade e prevalência em crianças
e adolescentes, não existem diretrizes de prática para facilitar as decisões de
tratamento.
Levando
em conta a gravidade e repercussões multifatoriais na saúde física, mental e
social a longo prazo, justifica-se maior atenção ao rastreamento e detecção
precoce, sobretudo no público adolescente, que é apontado como população de
maior risco para desenvolvimento de TAs. Neste sentido, a Psicologia da Saúde
pode contribuir no diagnóstico precoce e na elaboração de políticas públicas
que atuem não apenas no tratamento, mas sim na promoção de saúde e prevenção de
TAs no público infanto-juvenil a fim de evitar complicações de morbidade e
mortalidade futuras, tanto pelos aspectos físicos, quanto psicológicos e
sociais que envolvem estas patologias.
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