Efeitos da Terapia Cognitivo-Comportamental no ajustamento psicológico em crianças em tratamento com quimioterapia

 

Zhang, P., Mo, L., Torres, J., & Huang, X. (2019). Effects of cognitive behavioral therapy on psychological adjustment in Chinese pediatric cancer patients receiving chemotherapy. Medicine, 98(27). doi: 10.1097/MD.0000000000016319

Resenhado por Laís Gabriela Rocha

 

As taxas de sucesso no tratamento oncológico em crianças na China estão em crescimento, mas os efeitos psicológicos do tratamento quimioterápico ainda são um desafio. A quimioterapia é uma intervenção bastante agressiva que causa impactos negativos nas funções cognitivas, na regulação emocional e na habilidade de enfrentamento da doença, o que tende a dificultar o ajustamento psicológico nesse público. Fatores como a ausência de transtornos mentais, resiliência, sucesso em tarefas e satisfação com a vida em geral são importantes indicadores de ajustamento psicológico adequado em pacientes pediátricos oncológicos. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) atua sobre a modificação de distorções cognitivas e modulação de atitudes e comportamentos visando melhorias na saúde e este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da TCC no ajustamento psicológico de crianças chinesas em tratamento de câncer com quimioterapia.

A amostra do estudo foi composta por 106 jovens de 08 a 18 anos com diagnóstico de tumor maligno submetidas à quimioterapia, sem comprometimentos cognitivos ou psiquiátricos no Departamento de Oncologia e Hematologia de um hospital universitário infantil em Chongqing, China. Foi feito um estudo clínico randomizado em que se dividiram dois grupos: um grupo controle que recebeu uma rotina de cuidados psicológicos voltados para informações de saúde e outro grupo em que os pacientes, além desses cuidados, receberam intervenções baseadas na TCC. Nesta modalidade os pacientes, suas famílias e a equipe multidisciplinar do hospital participaram seguindo o mesmo protocolo, que durou cinco semanas. Neste período foram trabalhados vínculo terapêutico, psicoeducação, distorções cognitivas, treino de respiração e relaxamento muscular progressivo. O ajustamento psicológico foi medido através da resiliência e do humor negativo, segundo as escalas Conner-Davidson Resilience Scale (CD-RISC) e a Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS) antes e após a intervenção.

Antes da aplicação do protocolo, ambos os grupos não apresentaram diferença significativa no ajuste psicológico, já após foram encontrados escores maiores de resiliência e menores de depressão, ansiedade e estresse no grupo que recebeu a intervenção cognitiva-comportamental. Foi perceptível a diminuição dos escores de humor negativo em crianças com o tipo de tumor do saco vitelínico e o aumento da resiliência nos pacientes com câncer em estágio III.

Neste estudo foi possível perceber que as intervenções psicológicas baseadas da terapia cognitivo-comportamental podem ser úteis no ajustamento psicológico em situações graves de saúde, como no caso de pacientes oncológicos em quimioterapia. Na amostra estudada foram observadas mudanças de atitudes em relação ao tratamento no sentido de uma melhor cooperação, que podem levar a um aumento na qualidade de vida dos pacientes a longo prazo.

Os resultados dessa pesquisa apresentam algumas limitações, como a amostra reduzida e restrita ao ambiente hospitalar. Pacientes pediátricos com idade menor que 8 anos também não foram inseridos no estudo, assim como crianças diagnosticadas com câncer recebendo outros tipos de tratamentos também invasivos, cuja lacuna pode nortear futuros estudos. Esta pesquisa se mostra importante no campo da Psicologia da Saúde por se propor a compreender e intervir nos aspectos psicológicos e comportamentais relacionados ao contexto de pacientes pediátricos oncológicos, cujo tratamento tende a comprometer o humor e a qualidade de vida.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.