Insatisfação com a imagem corporal e fatores associados em estudantes universitários

 

Cardoso, L., Niz, L. G., Aguiar, H. T. V., Lessa, A. C., Siqueira e Rocha, M. E., Rocha, J. S. B., & Freitas, R. F. (2020). Insatisfação com a imagem corporal e fatores associados em estudantes universitários. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 69(3), 156-64. DOI: 10.1590/0047-2085000000296

Resenhado por Jéssica Dantas

            A imagem corporal (IC) pode ser compreendida como uma ilustração desenvolvida pelo indivíduo, acerca da sua aparência física, que envolve pensamentos e sentimentos. Nesse contexto, em algumas situações, a insatisfação corporal afeta a IC. Trata-se de um sentimento negativo que desencadeia sofrimento psíquico significativo em relação ao corpo percebido como ideal.

            A mídia vem sendo apontada como o principal canal de propagação e imposição de certos padrões estéticos. O público universitário vem ganhando destaque no âmbito dessa discussão por ser considerado um grupo mais suscetível, pelo momento desenvolvimental peculiar que vivenciam, aos impactos decorrentes dessa problemática. Estudos vêm apontando para um aumento na prevalência e risco de transtornos de comportamentos alimentares em estudantes universitários, principalmente da área da saúde.

Considerando tais indícios, o presente estudo, de caráter descritivo e transversal, teve como objetivo avaliar a prevalência da insatisfação com a IC e os fatores associados entre universitários da área da saúde. Para isso, foram utilizados seis instrumentos autoaplicáveis: questionário socioeconômico, demográfico e de hábitos de vida adaptado do Vigitel, o Body Shape Questionnaire (BSQ), o Eating Attitudes Test (EAT-26), o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), o Inventário de Ansieda­de de Beck (BAI) e o Inventário de Depressão de Beck (BDI). As medidas antropométricas também foram coletadas. Participaram do estudo 364 acadêmicos matriculados em cinco cursos da área da saúde de uma Instituição de Ensino Superior privada da cidade de Montes Claros (MG).

Os resultados mostraram prevalência de insatisfação com a imagem corporal em 9,1% entre os universitários. As variáveis que se mostraram associadas a maior prevalência de insatisfação com a imagem cor­poral foram: cor da pele não branca; realização de tratamento para perder peso; presença de atitudes para transtorno alimentar como dieta, bulimia, preocupação com alimentos e autocontrole oral; estado de saúde regular/ruim; ansiedade moderada/grave e circunferência abdominal que é considerada risco para doenças cardiovasculares (≥ 80 cm para mulheres e ≥ 94 cm para homens). O estudo constatou uma prevalência de insatisfação com IC abaixo do que é relata­do na literatura. Para os autores, tal variação pode estar relacionada aos instrumentos e métodos.

Por se constituir um grupo suscetível à pressão sociocultural acerca da aparência e boa forma, estando, portanto, mais vulnerável à insatisfação corporal e efeitos que podem desencadear distúrbios e trazer prejuízos à saúde, torna-se relevante a ampliação de estudos com jovens acadêmicos nesse contexto. Assim, é fundamental que estudiosos da psicologia da saúde se dediquem à temática e possam auxiliar na elaboração de ações educativas e intervenções psicoterapêuticas que levem à atenuação dos impactos físicos e psicológicos, contribuindo para a promoção de saúde e bem-estar.



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