Saúde mental das crianças e adolescentes em tempos de pandemia: Uma revisão narrativa

Mangueira, L. F. B., Negreiros, R. A. M., Diniz, M. D. F. F. M., & de Sousa, J. K. (2020). Saúde mental das crianças e adolescentes em tempos de pandemia: Uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde12(11), 1-8. https://doi.org/10.25248/reas.e4919.2020

 

Resenhado por: Mariana Menezes

 

Os reflexos psicossociais da pandemia nas populações afetadas são, muitas vezes, mais prejudiciais que a doença propriamente dita. Crianças e adolescentes estão em risco de adoecerem ou presenciarem doentes seus pais, parentes e outros membros significativos de suas comunidades. Nesse contexto de pandemia, crianças e adolescentes estão entre os mais vulneráveis a danos psicológicos. As crianças e adolescentes, nas circunstâncias de crise, são especialmente susceptíveis a problemas de saúde mental, como observado durante outros momentos similares na história.

Desta forma, o objetivo da pesquisa foi explorar os efeitos da pandemia nas crianças e adolescentes, apresentando os aspectos referentes à saúde mental, observados em períodos vivenciados anteriormente, dada a importância de se planejar uma rede de apoio eficaz e fortalecer as ações de enfrentamento a problemática decorrente da COVID-19.

Verificou-se que a pandemia causou diversos impactos como o fechamento de escolas, impedimento as atividades presenciais e outras medidas que produzem reflexos sociais, psicológicos e econômicos. Além de que muitos serviços básicos, relacionados a assistência à saúde e lazer, ficaram inacessíveis, além de carecer de redes de suporte a saúde mental da criança e do adolescente. Também houve a necessidade de reorganização das rotinas das crianças e mudanças no estilo de vida delas, tornando-as, devido ao isolamento social, ansiosas, inseguras, sentindo-se solitárias, com comunicação pobre e perturbações do humor. Quanto maior for o tempo de confinamento, piores podem ser os resultados para a saúde mental, especialmente os comportamentos de evitação, raiva e ansiedade.

Durante a pandemia da COVID-19, o temor de ficar doente também pode gerar consequências graves, como a somatização aguda. Há casos em que, mesmo após a confirmação da ausência do vírus via exames laboratoriais, o medo excessivo e desproporcional de sintomas permanece, sendo este uma das principais manifestações que a criança e o adolescente experimentam após vivenciar ou presenciar o incidente biológico, acompanhados de outros sintomas que podem ser súbitos e elusivos. Outros efeitos da pandemia para crianças e adolescentes: respostas ao estresse capazes de gerar comportamentos inadequados de proteção a saúde (a exemplo da somatização), grande prevalência do relato de insônia, instabilidade emocional, choro frequente, depressão, medo, tristeza, irritabilidade e exaustão emocional.

Portanto, as pandemias estão associadas as mais diversas implicações na vida de crianças e adolescentes, podendo ser observadas sensações de medo, tédio e solidão, além de alterações dos padrões de sono, alimentação e comportamento. Deste modo, é fundamental que os profissionais da saúde, estejam atentos para reconhecerem possíveis prejuízos funcionais e adotarem estratégias terapêuticas em tempo hábil, pretendendo evitar a progressão para quadros clínicos de mais difícil controle. Outra recomendação é que a família assuma um papel de proteção e cuidado, desenvolvendo atividades lúdicas e práticas para aliviar o estresse, dentro de um ambiente seguro e acolhedor, respeitando os limites de uma rotina saudável e contribuindo para a preservação do bem-estar e apoio mútuo dentro da coletividade. Por fim, destaca-se a importância de fomentar políticas públicas de acolhimento, cuidado e educação, visando a prevenção de doenças e a manutenção da saúde física e mental das nossas crianças e adolescentes.



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