Regulação Emocional e Qualidade do Relacionamento com os pais como preditoras de Sintomatologia Depressiva em adolescentes
Antunes, J., Matos, A. P., & Costa, J. J. (2018). Regulação emocional e qualidade do relacionamento com os pais como preditoras de sintomatologia depressiva em adolescentes. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, 52-58. https://doi.org/10.19131/rpesm.0213
Resenhado por
Ariana Moura
A depressão tem sido apontada como uma das
maiores causas de incapacidade no mundo, sendo a adolescência um período de
elevadas taxas de prevalência de sintomatologia depressiva, principalmente nas
meninas. A depressão envolve questões relacionadas à regulação emocional, tendo
em vista que os indivíduos depressivos apresentam dificuldades em experienciar
as emoções. Entre os aspectos desenvolvimentais associadas à adolescência
encontra-se a individualização que se caracteriza pela diminuição da
dependência em relação a pessoas significativas, e o aumento da autonomia. No
entanto, os pais permanecem como figuras de vinculação importantes, sendo que a
satisfação de necessidades relacionais na família, combinada com uma autonomia
não excessiva, encontra-se associada a melhor ajustamento psicossocial.
Esse estudo, tratou-se de uma pesquisa
longitudinal que teve como objetivo estudar os efeitos preditores das
estratégias de regulação emocional e da qualidade do relacionamento com os pais
no desenvolvimento de sintomatologia depressiva em adolescentes portugueses. A
amostra foi constituída por 566 adolescentes (60, 25% do sexo feminino) com
idades entre os 13 e 17 anos (M = 14,43; DP = 867). Para a coleta dos dados
utilizou-se um questionário sociodemográfico, o Inventory of the Quality of
Interpersonal Relations – IQRI e o Cognitive Emotion Regulation
Questionnaire – CERQ.
Nos resultados observou-se que as meninas
apresentaram níveis superiores de sintomatologia depressiva, recorreram
mais à autocrítica, ruminação e aceitação, e apresentaram níveis superiores de
suporte, profundidade e conflito no relacionamento com a mãe e níveis
superiores de profundidade no relacionamento com o pai. Os meninos mostraram
recorrer mais à estratégia de regulação emocional de culpar o outro. As
estratégias de regulação emocional de autocrítica, catastrofização e ruminação
foram preditoras positivas e significativas de sintomatologia depressiva no
segundo momento de avaliação. A reavaliação positiva e o replanejamento
apresentaram-se como preditoras negativas e significativas de sintomatologia
depressiva.
Os
dados encontrados possibilitam à Psicologia da Saúde uma melhor compreensão
sobre os fatores de proteção e de risco no desenvolvimento de sintomatologia
depressiva. Tal conhecimento poderá auxiliar em futuras intervenções no
tratamento e na prevenção da depressão na adolescência. Desta forma, os
psicólogos podem trabalhar aspectos como a psicoeducação sobre estratégias de
regulação emocional e incentivar o uso adequado de estratégias adaptativas nos
adolescentes, a fim de melhorar as relações entre pais e filhos e prevenir a
depressão nos jovens.
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