A relação do comportamento alimentar com a autopercepção da imagem corporal
Ribeiro,
G. M. T., Pereira, L. C. S., & Mello, A. P. Q. (2020). A relação do
comportamento alimentar com a autopercepção da imagem corporal. Advances in Nutritional Sciences, 1. https://doi.org/10.47693/ans.v1i1.4
Resenhado por Giulia
Os hábitos alimentares são produzidos com base em uma predisposição genética e são mudados na interação com o contexto ambiental em que o indivíduo é inserido. Assim, a relação do indivíduo com a alimentação é formada desde o aleitamento materno e ao longo de toda a infância sob responsabilidade da família, sendo influenciada pela maneira com que os alimentos são introduzidos na vida da criança. Um comportamento alimentar restritivo pode ser consequência da interação entre o ambiente familiar e social e a influência da mídia, podendo também funcionar como fator de risco para transtornos alimentares (TA) em crianças. Logo, o estudo realizou uma revisão da literatura a fim de identificar a relação do comportamento alimentar com a percepção de imagem corporal em diferentes grupos.
Crianças e adolescentes demonstraram
uma insatisfação corporal considerável, sendo que a maior parte dos
insatisfeitos tinha boa nutrição. Também foram descobertas diferenças
significativas entre os gêneros, com os meninos apresentando maior satisfação
com o próprio corpo. Entretanto, as partes para as quais a insatisfação era
majoritariamente dirigida divergia: nos meninos, a maior preocupação era com os
braços e, nas meninas, com a altura. Além disso, os meninos desejavam ganho de
peso, ao passo que as meninas desejavam perda de peso, levando-as a ter maior
restrição alimentar. Nas crianças que
se perceberam mais acima do peso, o comportamento alimentar inadequado estava
relacionado com a insatisfação corporal e a idealização de um corpo magro,
apresentando alimentação mais restritiva. Consequentemente, tanto a imagem
corporal quanto o comportamento alimentar puderam predizer desenvolvimento de
TA nesse grupo. A exposição à mídia e conversas sobre peso foram apontadas como
os maiores preditores de restrição alimentar nessa fase.
Os adolescentes demonstraram dificuldades
na percepção da fome e, nesse mesmo grupo, houve correlação positiva entre
insatisfação corporal e comportamento alimentar de restrição, ou seja, quanto
maior a insatisfação, mais restritiva era a alimentação. Um dos fatores de
risco para a insatisfação corporal nessa faixa etária foi a alta exposição às
mídias sociais, sendo que o acesso diário de redes sociais como Facebook e
Instagram tornavam os adolescentes cerca de quatro a seis vezes mais
insatisfeitos com o corpo.
A intervenção psicológica é fundamental
para promover mudanças comportamentais e cognitivas que previnam problemas
ligados ao desenvolvimento de TA, como os comportamentos alimentares
restritivos e a autopercepção de imagem corporal. Assim, destaca-se o papel da
psicologia da saúde no sentido de identificar fatores de risco para os TA em
crianças e adolescentes de forma precoce e promover os fatores de proteção, aumentando
as chances de prognóstico positivo. Além disso, psicólogos da saúde também
podem atuar desenvolvendo protocolos de atendimento e intervenção eficazes para
aumentar o bem-estar emocional nessa faixa etária.
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