Empatia, depressão, ansiedade e estresse em Profissionais de Saúde Brasileiros
Rodrigues, S. L.,
Coelho, O. L., & França, D. N. P. M. (2020). Empatia, depressão, ansiedade e
estresse em Profissionais de Saúde Brasileiros. Ciências Psicológicas, 14(2),
e2215. doi.org/10.22235/cp.v14i2.2215
Resenhado
por Millena Bahiano
De
modo geral, o impacto decorrente de lidar com o sofrimento do outro, aliado às
excessivas cargas de trabalho, podem vir a afetar e comprometer a saúde mental
de profissionais da saúde. A literatura já indica que a presença de transtornos
do sono, alta frequência de distúrbios relacionados à ansiedade e depressão,
bem como índices elevados de estresse têm sido, cada vez mais frequentes, entre
médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde. Nesse cenário, a
empatia pode atuar como um fator de proteção à saúde mental, influenciando a
maneira como as pessoas avaliam seu contexto de trabalho e lidam com situações
de estresse.
O presente estudo foi realizado com
profissionais de saúde que atuam na rede pública do município de Petrolina (PE)
e objetivou investigar as relações entre empatia, depressão, ansiedade e
estresse em profissionais de saúde pernambucanos. A amostra da
pesquisa contou com duzentos participantes, com idades
entre 22 e 67 anos, sendo a maioria composta por mulheres (87%). Os instrumentos
utilizados na pesquisa foram: o Índice de
Reatividade Interpessoal, o Inventário de Sintomas de Estresse, o Inventário de
Depressão de Beck e o Inventário de
Ansiedade de Beck. Dentre os
resultados encontrados, viu-se que 23% dos participantes apresentaram sintomas
depressivos leves e 7,5% moderado. Quanto aos sintomas ansiosos, observou-se
que 3% da amostra apresentou nível grave e 8% moderado.
No
que se refere à empatia, a consideração empática foi a dimensão que obteve
maior pontuação média (M = 4,10; DP = 0,65), seguida de tomada de
perspectiva (M = 4,06; DP = 0,62), angústia pessoal (M =
2,80; DP = 0,83) e fantasia (M = 2,73; DP = 0,80). De modo
geral, viu-se também que os participantes pontuaram mais em componentes
empáticos que foram associados ao cuidado com o outro. Além disso, foi
identificado no estudo a existência de correlações positivas entre ansiedade e depressão
com a empatia, bem como correlações positivas entre angústia pessoal e fantasia
com a presença de sintomas de ansiedade e depressão. Já ao que se refere à
resposta de estresse, verificou-se que 42% dos participantes apresentaram
estresse em alguma fase (alerta, resistência, quase-exaustão ou exaustão),
estando a maioria na fase de resistência (32%).
Os
autores ressaltaram que uma parte relevante da amostra da pesquisa apresentou
sinais de estresse e presença de sintomatologia depressiva e ansiosa. Tais
resultados, reforçam a necessidade de se atentar aos prejuízos causados à saúde
mental dos profissionais de saúde, principalmente, daqueles profissionais que
são submetidos a intensas cargas de trabalho. Para a psicologia da saúde, o
presente estudo poderá auxiliar na identificação precoce do estresse
ocupacional. Assim como na elaboração de estratégias e de intervenções mais
eficazes, as quais possam favorecer as habilidades empáticas e contribuir para a
prevenção de agravos psicológicos nessa população.
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