Revisando o impacto psicológico nos filhos adolescentes de pais com doenças crônicas não transmissíveis

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 Penatti, C. A. A., Lara, D., & Flaborea, R. S. (2022). Revisando o impacto psicológico nos filhos adolescentes de pais com doenças crônicas não transmissíveis. SMAD, Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas, 18(2), 138–148. https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2022.181705

Resenhado por Hugo Santana-Batista

 

Pessoas com doenças crônicas são suscetíveis à alterações na qualidade de vida e em sua saúde mental. Quando se trata dos familiares desses pacientes, prejuízos emocionais e psicológicos também são percebidos, visto que há  uma tendência de toda a família se sobrecarregar, especialmente no aspecto financeiro. Assim, observa-se que filhos adolescentes (12 a 18 anos) de pais com doenças crônicas tornam-se vulneráveis a desequilíbrios emocionais e comportamentais, além da propensão ao abuso de substâncias.

O presente estudo teve como objetivo fazer uma revisão crítica da literatura sobre quais são os impactos psicológicos nos filhos adolescentes de pacientes crônicos, focando, principalmente, na qualidade de vida e na questão do uso de substâncias psicoativas. O método de revisão consistiu na pesquisa por meio de coleta de dados secundários e fontes bibliográficas nas bases de dados PubMed e Scielo, utilizando os descritores “parental”, “cancer”, “mental disease” “dor crônica” e “doença crônica”. Foram avaliados artigos em inglês, português e espanhol publicados entre 1990 e 2021. Após análise dos achados, restaram 11 artigos.

Foi possível dividir os achados em 3 blocos: relacionados ao câncer (n = 4), referentes à doença crônica (n = 3) e associados a transtornos mentais (n = 4). Esses grupos, de acordo com os estudos, têm se mostrado capazes de impor estresse psicológico aos filhos adolescentes. Vale ressaltar que o impacto das doenças parentais foi diferente entre os grupos devido aos fatores singulares de cada bloco. Nas pesquisas de câncer parental, por exemplo, foi possível observar uma maior incidência de depressão e ansiedade em filhos desses pacientes, comparados ao bloco de dor crônica parental. As taxas de abuso de álcool, tabaco e drogas ilícitas também são aumentadas, principalmente em casos de neoplasia maligna sem sucesso e transtornos mentais graves dos pais.

Diante dos resultados, é possível inferir que há uma divergência dos pais entre a percepção da saúde psicológica de seus filhos e o autorrelato dessas crianças acerca do sofrimento emocional decorrente da doença de seus responsáveis. Além disso, os estudos concluíram que ter pais com transtornos psíquicos determina um fator de risco significativo para o desenvolvimento de depressão na adolescência, somado à uma redução de autoestima nesses filhos. Outro achado importante se refere ao desempenho escolar dos filhos de pais que possuem transtorno depressivo, o qual é reduzido comparado a outros adolescentes na mesma idade escolar.

Portanto, conclui-se que é necessário um cuidado integral em relação às pessoas com doença crônica e suas famílias. Para a psicologia da saúde, a pesquisa descrita é importante ao visar estudos que envolvem intervenções em contextos de pacientes com doenças crônicas, além de auxiliar na identificação de fatores estressores em filhos adolescentes de pessoas desse grupo. Tais conclusões reiteram a necessidade de um maior conhecimento não só dos pacientes crônicos, mas também de seu ambiente familiar e suas condições de risco.                 

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