Intervenções de mindfulness para artrite reumatoide: Uma revisão sistemática e meta-análise

 

Zhou, B., Wang, G., Hong, Y., Xu, S., Wang, J., Yu, H., Liu, Y., & Liang, Y. (2020). Mindfulness interventions for rheumatoid arthritis: A systematic review and meta-analysis. Complementary Therapies in Clinical Practice, 39, 101088. https://doi.org/10.1016/j.ctcp.2020.101088

 

Resenhado por Gessica Leal

 

A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune e inflamatória que provoca desgaste e deformidades nas articulações. Devido ao ser caráter incapacitante, a ocorrência de sintomatologia ansiosa e depressiva tem sido frequentemente identificada em pacientes com a doença, o que impacta o processo de adaptação. Nessa perspectiva, além da implementação de tratamentos convencionais que buscam a melhora da função articular, outras intervenções estão sendo testadas, a exemplo do mindfulness. Mindfulness, ou atenção plena, é um tipo de intervenção sobre o ajustamento psicológico, originada de uma tradição contemplativa budista, que envolve estratégias de aceitação do momento presente. Engloba exercícios de observação que podem melhorar a capacidade de autorregulação, o gerenciamento das emoções, o alívio dos sintomas e a melhora na qualidade de vida do paciente.

O presente estudo se tratou de uma revisão sistemática com o objetivo de determinar se as intervenções baseadas em mindfulness melhoraram a saúde mental e/ou física de pacientes com artrite reumatoide. Foram consultadas: Cochrane Library, PubMed, EMBASE, Chinese Biomedical Literature Database (CBM), China National Knowledge Infrastructure (CNKI) e a Wanfang Database. Os critérios de inclusão foram: 1) ensaio clínico randomizado, 2) os participantes preencheram a classificação para artrite reumatoide do American College of Rheumatology (ACR) e tinham idade superior a 18 anos, 3) O grupo controle recebeu cuidados em enfermagem de rotina e o grupo experimental adotou as intervenções de mindfulness por meio de exercícios formais, (4) os indicadores de resultado foram: visual analogue score (VAS), escores de depressão e ansiedade, Disease Activity Score (DAS28) e os níveis de proteína C-reativa (PCR).

Ao final da triagem, seis artigos foram selecionados. Quatro estudos indicaram uma melhora significativa na intensidade da dor entre os pacientes que receberam intervenções de mindfulness em comparação aqueles que receberam enfermagem de rotina. Três estudos compararam os efeitos da atenção plena em intervenções para a depressão nos pacientes com AR e identificaram diferenças significativas entre o grupo experimental e o grupo controle. Dois estudos também demonstraram a eficácia do mindfulness para a redução dos sintomas da doença. Contudo, não houve diferenças significativas na ansiedade e nos níveis de PCR entre os dois grupos, sendo necessários mais estudos para verificar esses dados.

Por meio desta revisão, foi possível identificar que há achados que sugerem que as intervenções baseadas em mindfulness podem contribuir com o alívio da dor, da sintomatologia depressiva e os sintomas da artrite reumatoide. Contudo, cabe ressaltar algumas limitações do estudo, a exemplo do pequeno tamanho das amostras, a falta de estudos multicêntricos e a presença de defeitos metodológicos, que aumentam a probabilidade de viés e erro. Apesar disso, os achados desta revisão são relevantes para Psicologia da Saúde, uma vez que os exercícios de atenção plena podem ser incluídos nos protocolos de intervenção para o manejo das emoções e dos sintomas dentre os pacientes com a doença.

 

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