Determinantes do Comportamento de Saúde: Uma Análise a Nível da Psicologia Social

Resenhado por Mariana Menezes

Stroebe, W. & Stroebe, M. (1995). Determinantes do Comportamento de Saúde: Uma Análise a Nível da Psicologia Social. In W. Stroebe & M. Stroebe, Psicologia Social e Saúde. (pp. 31-39). Lisboa, PT: Instituto Piaget.


     No capítulo 2 do livro os autores demonstram interesse em explicar porque é que as pessoas têm comportamentos prejudiciais à saúde, e se existe alguma forma de influenciar as pessoas a mudarem esses comportamentos que lhes são prejudiciais. Neste capítulo são apresentados os modelos teóricos da psicologia da saúde e social que fornecem conceitos que permitem analisar os determinantes do comportamento de saúde. O conhecimento destes determinantes nos ajuda a avaliar a eficácia das estratégias de mudança de comportamento.
     Neste capítulo, os autores também definem conceitos centrais e discutem a relação entre eles. Assim, definem Atitude como sendo a tendência que temos para avaliar um objeto de forma favorável ou desfavorável. As tendências avaliativas que refletem uma atitude são de três tipos: reações cognitivas, reações afetivas e comportamento. As respostas avaliativas do tipo cognitivo são os pensamentos e crenças relativas ao objeto que é alvo da atitude. Por exemplo, podemos dizer que correr pode estar associado com a crença de que ele ajuda as pessoas a reduzirem o peso, aumenta a boa forma e diminui a pressão arterial.      As respostas avaliativas do tipo afetivo consistem nas emoções que as pessoas experimentam relativamente ao objeto alvo de atitude. As pessoas podem se sentir mal ao pensar em comidas gordas e bem ao pensar em atividades físicas. As respostas avaliativas do tipo comportamental consistem em ações visíveis relativamente ao objeto alvo de atitude que implicam avaliações positivas ou negativas. As pessoas praticarão corrida independente do tempo, e pedirão aos fumantes que não fumem em sua presença. As respostas comportamentais também consistem em intenções comportamentais. O fato de uma mulher não conseguir usar o vestido que foi ao casamento da prima no ano passado por ter ficado muito apertado, pode ajudar a desenvolver a intenção de emagrecer.
     As atitudes das pessoas estão relacionadas com as suas crenças. As atitudes relativas a um objeto são função dos atributos associados com esse objeto e da avaliação desses atributos. A atitude de uma pessoa relativa ao desempenho de certo comportamento é função das consequências que se podem prever e da avaliação dessas consequências. A atitude de um indivíduo relativa a uma ação depende dos valores subjetivos ou da utilidade associada aos possíveis resultados dessa ação, cada um dos quais será ponderado pelas probabilidades subjetivas da ação conduzir a esses resultados. Sendo assim, a atitude de alguém relativa a iniciar a prática de exercícios físicos terá relação com sua expectativa do exercício físico estar associado com certas consequências, como boa forma física e a avaliação dessas consequências.
     A relação entre as atitudes e os comportamentos já é um pouco mais complicada, pois nem sempre as pessoas que têm uma atitude positiva referente à saúde têm estilos de vida saudável e evitam comportamentos prejudiciais à saúde. Se diferentes práticas de saúde fossem determinadas pela mesma atitude geral, deveria existir também uma forte relação entre estas práticas. Por exemplo, as pessoas que praticam exercício físico deveriam também usar cinto de segurança, não beber álcool, não fumar etc. Mas, no geral, não é isso o que acontece. Diante desse problema,  Ajzen e Fishbein (1975, 1977) identificaram duas condições que geralmente existiam nos estudos em que as atitudes estavam mais fortemente ligadas ao comportamento. Era mais provável que surgisse uma relação entre atitude e comportamento quando também sejam avaliados os comportamentos e atitudes através doas noções de Garantia e Compatibilidade.
     A garantia é a tendência que temos para apresentar um determinado comportamento ao longo do tempo. É o caso de um fumante que recusa um cigarro que lhe é oferecido por estar com uma grande constipação ou por não gostar da marca do cigarro. As estimativas refletem agregados ao longo de várias circunstâncias em que o mesmo comportamento é efetuado e possuirão, enquanto medidas, uma garantia relativamente elevada das tendências comportamentais.
     Sobre a compatibilidade, Stroebe alerta que para obter correlações elevadas entre medidas de atitudes e de comportamento é necessário que se faça uso de medidas que tenham uma garantia elevada, mas que sejam também compatíveis. As medidas de atitude e de comportamento são compatíveis se ambas forem avaliadas com o mesmo nível de generalidade. Por exemplo, a atitude de alguém relativa a um estilo de vida saudável, especifica o objetivo, mas que não especifica a ação, o contexto e o tempo.
     Os autores também argumentam que se temos interesse em prevenir um comportamento específico, então uma medida de atitude seria compatível se avaliasse a atitude referente à realização do comportamento específico. O princípio da compatibilidade tem implicações para as estratégias da mudança de atitude e de comportamento. No caso da previsão, a compatibilidade deve ser respeitada quando se tenta mudar o comportamento. Portanto, as campanhas a nível dos meios de comunicação social, que têm como objetivo alterar um comportamento específico, devem utilizar argumentos dirigidos, para a mudança de crenças relativas a esse comportamento específico, ao invés de se centrarem em preocupações mais gerais do âmbito da saúde.
     A parte introdutória deste segundo capítulo nos permite compreender os fatores e os processos que determinam a adoção e manutenção do comportamento de saúde. Informa-nos que as atitudes e as crenças são grandes determinantes do comportamento, e nos oferece um maior conhecimento sobre a relação existente entre eles. E também, baseados nos conceitos apresentados no capítulo podemos iniciar um programa de prevenção em saúde. Este texto é uma boa pedida não só para os estudantes e psicólogos profissionais da saúde, mas também para estudantes e profissionais de outras áreas que desejam saber como é a relação comportamento-saúde.  

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