Hans Selye and the Field of Stress Research: A Syndrome Produced By Diverse Nocuous Agents
Resenhado por Lucila Santos
Neylan C.T. (1998) Hans
Selye and the Field of Stress Research: A Syndrome Produced By Diverse
Nocuous Agents. NEUROPSYCHIATRY
CLASSICS, v. 10, n. 2, p 230 – 231 (1998).
A
publicação feita por Thomas C. Neylan em 1936 tenta resumir de forma objetiva e
simples, as principais descobertas feitas por Selye em seus vários anos de
pesquisas experimentação mostraram que se seus organismos são severamente danificados
pelos agentes nocivos agudos inespecíficos (como a exposição ao frio,
lesão cirúrgica, produção de choque medular exercício muscular excessivo, ou
intoxicação por doses subletais de
diversas drogas), após tal exposição uma síndrome típica aparece chamada por
ele de Síndrome de Adaptação Geral. Os sintomas que apareciam eram independentes da natureza do agente
prejudicial ou do tipo farmacológico da droga empregada, e representam mais uma
resposta estereotipada para combater tal danificação.
Em suma, A Síndrome de Adaptação Geral pode
ser definida como 3 fases, a primeira em que o organismo se confronta com o
agente estressor inesperadamente ( seja uma dosagem de drogas, mudança de
temperatura ou exaustão muscular), provocando uma situação de alarme em nosso
corpo como forma de uma defesa inicial, que tem consequências inicialmente
negativas como: a diminuição
rápida do timo, baço, glândulas linfáticas; desaparecimento do tecido de
gordura, formação de edema, perda de tônus muscular, entre outros. É nesse
primeiro estágio que o organismo de forma geral enfrenta uma determinada
situação crítica na qual não estava esperando, por isso é denominada como ‘reação
geral de alarme’. Na segunda fase, o corpo apesar de ter sofrido um pequeno
dano inicial, começa a recuperar seu estado de equilíbrio ( homeostase), isso
se o agente estressor nocivo não continuar a ser exposto ao indivíduo, ou se o
corpo ter energia suficiente para lidar com ele e se adaptar a situação. Porém,
quando a exposição ao agente estressor é prolongada, ou se gasta muita energia
para tentar recuperar o estado de equilíbrio inicial, é muito provável que o se
forme uma doença adaptativa, que pode até ser letal. É nesse estágio que o
corpo tenta resistir ao impacto causado pelo agente estressor, em um tempo
limitado. Por fim, o terceiro estágio é, portanto, o desfecho do estado de
saúde do sujeito ao final da exposição do agente estressor nocivo, tendo em
vista que o organismo pode ter se habituado ou se adaptado com tal estressor ou
não, o que pode repercutir em graves consequências como as chamados, por Selye
de doenças adaptativas.
No
último parágrafo, o autor Thomas C. Neylan chega à conclusão de que, o que
Selye mostrou com suas reações em três estágios, nada mais foi que uma reação
normal do organismo na tentativa de se habituar à mudanças de temperatura,
droga, exercício muscular,entre outros fatores, comparando a Síndrome de
Adaptação geral à outras formas de defesa do corpo como na reação do choque
anafilático ou cirúrgico. Penso que a razão do autor de chegar a tal conclusão
seja pela inespecifidade de quais seriam esses agentes nocivos. Afinal, a
simples mudança de temperatura ou injeção de doses de drogas, pode ser
considerada como um agente estressor? Precisa-se levar em consideração também,
quais as situações que podem ser consideradas estressoras para saber
diferenciar uma simples resposta do organismo a adaptação de uma forma mais
complexa de estado de estresse, em que estão envolvidos elementos que vão além
da reação orgânica (como o meio em que nos encontramos ou a significação que damos
a estes estressores). A questão que fica é: Quais são
exatamente os agentes nocivos do qual Selye tanto falava? Seria a reação do
organismo independente do agente que se mostra? E ainda, todos os agentes
estressores têm o mesmo impacto em cada um dos indivíduos? Para uma leitura
mais completa dos estudos posteriores que tentaram responder a estas questões
recomendo a leitura do artigo de André Faro e Marcos Emanoel Pereira
intitulado, Estresse: Revisão Narrativa da Evolução Conceitual, Perspectivas
Teóricas e Metodológicas, pois contempla as principais perspectivas envolvendo
o estresse e sua trajetória até os dias atuais.
Nota-se
que esse artigo tenta mostrar um pouco o trabalho do Dr. Selye, que ainda se
mostra relevante nos dias atuais, para o estudo do estresse com um enfoque mais
voltado para respostas endocrinológicas diante de situações adversas que
alteram o estado de homeostase, que pode colaborar com pesquisas e estudos mais
voltados para esse aspecto. Claro que, com o passar do tempo, novos estudos
mostraram que o enfoque apenas na reação do organismo ao estresse foi
insuficiente para sua conceitualização e estudos mais completos, pois não levam
em consideração os aspectos ambientais, psicológicos e sociais no processo do
estresse. Apesar disso, o enfoque biológico teve grande importância e impacto
em diversas áreas de estudos, como a psicologia, neuropsiquiatria e biologia,
por exemplo.
Recomendo a leitura do texto, pois expõe de
forma bem simples as conclusões mais relevantes de Selye em seus experimentos e
estudos. O artigo resume a perspectiva biológica com base na resposta do
organismo de forma direta e de fácil compreensão, e para quem se interessa em
estudar as ‘fases’ de pesquisa do estresse, seria um bom começo. A contribuição
de Selye foi além de suas próprias descobertas, pois abriu portas para o estudo
mais aprofundados do estresse e da relação que o estresse tem saúde e, por
isso, essa publicação pode ser um bom ponto de partida para quem se interessa
pelo caminho que o estudo e conceitualização do estresse percorreram ao longo
dos anos e que continua a percorrer.
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