Psychological Stress and Disease (Estresse Psicológico e Adoecimento)
Resenhado por Laís Santos
Cohen ,S, Janicki-Deverts, D., &Miller G. (2007). Psychological Stress and Disease, JAMA, 298(14), 1685-1687
O artigo em questão mapeia a influência do estresse psicológico no desencadeamento de doenças, mais especificamente quatro: depressão, doenças cardiovasculares, HIV e câncer. Antes de mais nada, é importante entender como o estresse é conceituado na ótica de Cohen, Janick-Deverts e Miler (2007): ele ocorre quando uma demanda ambiental impõe ou ultrapassa a capacidade adaptativa do sujeito. Em outras palavras, ele surge quando o indivíduo é submetido a eventos que excedem sua habilidade e/ou capacidade em lidar ou responder a estas situações.
Corriqueiramente, visualizamos o estresse como elemento que exerce influência nas doenças físicas, já que gera estados afetivos negativos – ansiedade, depressão–, que consequentemente causam alterações no âmbito biológico e/ou comportamental do sujeito. Mediante esta explicação, entendemos o porquê do estresse crônico ser tão nocivo. Como o próprio nome já nos remete, é crônico por se perdurar por um longo prazo (mais do que o indivíduo suporta) e, desse modo, traz consigo conseqüências desastrosas, já que o sujeito é exposto a uma gama de alterações neuroendocrinológicas prejudiciais por um longo intervalo de tempo.
Corriqueiramente, visualizamos o estresse como elemento que exerce influência nas doenças físicas, já que gera estados afetivos negativos – ansiedade, depressão–, que consequentemente causam alterações no âmbito biológico e/ou comportamental do sujeito. Mediante esta explicação, entendemos o porquê do estresse crônico ser tão nocivo. Como o próprio nome já nos remete, é crônico por se perdurar por um longo prazo (mais do que o indivíduo suporta) e, desse modo, traz consigo conseqüências desastrosas, já que o sujeito é exposto a uma gama de alterações neuroendocrinológicas prejudiciais por um longo intervalo de tempo.
Uma
importante questão trazida pelo texto é a referente às respostas endócrinas
desencadeadas pelos agentes estressores. Os autores descrevem a função ao eixo Hipotálamo-Pituitária
(hipófise)-Adrenal (HPA) e o sistema Simpático-Adrenal-Medular (SAM). O
cortisol, resultado da ativação do HPA, e as catecolaminas, resultado da
ativação do SAM, são substâncias muito importantes e que, em excesso, podem
desencadear sérias consequências físicas e até mesmo psíquicas, mediante
desgaste excessivo do organismo.
Entretanto,
é evidente que cada sujeito reage de forma diferente aos estressores: um mesmo
evento estressor pode desencadear conseqüências desastrosas para um sujeito, e
não causar no outro; mesmo os dois estando expostos ao mesmo evento estressor.
Em outras palavras, o que foi dito refere-se às diferenças individuais, que são
muito importantes, pois estão ligadas à vulnerabilidade aos efeitos patogênicos
desencadeados pelos eventos estressores.
O artigo
em questão relaciona o estresse a quatro doenças. A primeira delas é a
depressão. Um dado importante trazido pelos autores é de que durante os 3 e 6
meses que antecedem a depressão, 50% a 60% das pessoas experimentaram algum
grande evento estressor vital (EVE) em suas vidas; 20% a 30% não experimentou.
Desse montante, 20% a 25% das pessoas que tiveram experiências estressantes
desenvolveram a depressão. São dados estatísticos que nos levam a pensar a
influência de eventos estressores no início, agravamento, recaída, maior
duração ou sintomas mais intensos da doença em pauta.
A
segunda diz respeito ao binômio estresse e doenças cardiovasculares, pois estudos
realizados com humanos saudáveis mostram que há uma ligação entre o estresse
psicológico e o surgimento de doenças cardiovasculares, bem como a recorrência
das mesmas. O estresse no trabalho, tão comum e usualmente tratado por diversos
autores, é um fator importante para o desencadeamento de alterações
cardiovasculares que, em alguns casos, levam à morte. Além dele, eventos
macroestresseores, como grandes desastres naturais, ou eventos traumáticos, a
exemplo da morte de um cônjuge, podem também desencadear doenças
cardiovasculares em pessoas saudáveis.
A
terceira é a relação entre estresse e AIDS. Assim como as outras duas relações
acima, esta também carece de estudos mais conclusivos. Entretanto, diante de algumas
pesquisas, principalmente aquelas feitas desde 2000, viu-se que há ligação
entre o estresse e a progressão do HIV. Um fato curioso é o de que alguns portadores
do HIV permanecem assintomáticos por longos períodos e respondem bem ao
tratamento médico, ao passo que os outros progridem rapidamente e desenvolvem
inúmeras complicações. Estudos evidenciam a influencia do estresse nesta
variabilidade, assim como também no curso da doença. Alguns experimentos
sugerem que a exposição e o acúmulo de eventos negativos a longo prazo podem
gerar consequências negativas em portadores do HIV, assim comomenores
índices de estresse podem contribuir para resultados positivos.
A
última relação se refere ao binômio estresse e câncer. Por um lado, diversos
estudos feitos com animais apontam que o desencadeamento, o crescimento e a
metástase de tumores tem relação com o estresse. Estudos mecanicistas o colocam
como fator importante para o início de câncer. Por outro, estudos prospectivos
em humanos não identificaram de forma conclusiva esta relação; uma possível
explicação para a falta de dados conclusivos se deve ao fato de que muitos
tipos de câncer são diagnosticados anos depois de seu início, dificultando o
estabelecimento de uma relação causal entre o estresse e o câncer. Acredita-se,
então, que o estresse esteja relacionado de forma mais enfática à progressão e à
recorrência do câncer, mais do que no início propriamente dito da doença, mas, como
mencionando anteriormente, faltam dados conclusivos que ratifiquem esta
proposição.
Para
concluir, apreende-se que o estresse psicológico, com o passar dos anos e
avanços científicos, vem sendo associado a doenças como a depressão, doenças
cardiovasculares, câncer e AIDS. Além destas patologias, há uma relação do
mesmo com o surgimento de infecções virais e do trato respiratório, bem como, com
tantas outras. Os autores atentam para a carência de estudos que possam
ratificar esta relação entre o estresse e doença. De qualquer modo, seja em
laboratórios ou na vida real, é evidente que o estresse gera uma gama de
alterações nos sujeitos; e que cada um recebe e reflete estas alterações de
maneira diferente, já que há várias questões envolvidas, como as diferenças
individuais.
Pensar
a relação do estresse com possíveis patologias pode ser frutífero no sentido de
impulsionar estudos experimentais mais conclusivos, e a partir deles,
incorporar novas diretrizes de cuidado em saúde, a fim de otimizar o controle
de tais doenças e proporcionar melhor qualidade de vida ao doente. Entender o
binômio estresse-doença pode ajudar tanto na prevenção de algumas doenças, como
na redução de efeitos negativos existentes no seu percurso e até na diminuição
do prazo de duração.
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