Psicologia da Saúde no Brasil

11 years ago
Resenhado por Rafael Matos

Gorayeb, R.(2010). Psicologia da saúde no Brasil. rev. Psicologia: teoria e pesquisa, vol, 26 : 115-122.

     O texto objetiva mostrar como se deu o desenvolvimento da psicologia da saúde no Brasil por meio de uma descrição fundamentada por experiências compartilhadas pelo autor no decorrer de sua formação acadêmica e pessoal.
     Como pilar central para o entendimento das ideias que são apresentadas no texto, Gorayeb parte da necessidade de esclarecer confusões a respeito da terminologia existente entre a psicologia da saúde e outros campos de especialização, especialmente, a psicologia clínica e a psicologia hospitalar, sendo possível estabelecer critérios que facilitam a distinção entres estas áreas, quanto ao contexto e público predominante a que se destinam.
     Na distinção, psicologia clínica versus psicologia da saúde, a primeira é historicamente mais antiga, acompanha a psicologia desde sua origem, tendo no atendimento psicoterápico que objetiva a solução de problemas individuais e grupais sua principal característica. De forma geral, é possível dizer que esta área está predominantemente relacionada ao tratamento de indivíduos inadaptados, ou seja, atuando quando problemas já estão presentes, suas práticas são realizadas em ambiente isolado e protegido, para depois ocorrer generalização dos resultados destas práticas para o ambiente natural em que vive o indivíduo.  
      Por sua vez, a psicologia da saúde difere-se da psicologia clínica e das demais áreas da psicologia por lidar em geral com indivíduos que apresentam alguma espécie de problema físico, estes estando relacionados com aspectos comportamentais e emocionais. Atuando preferencialmente no ambiente natural, reconhecendo que o ambiente é o determinante destes problemas. Vale ressaltar que a psicologia da saúde atua ainda em promoção à saúde visando à melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, sendo possível a atuação do psicólogo da saúde em hospitais, unidades de saúde da família, comunidade, dentre outros, sendo o primeiro o mais comum, e, além disso, na dinâmica da psicologia da saúde é fundamental o trabalho multidisciplinar.
      Na segunda diferenciação, psicologia da saúde versus psicologia hospitalar, o erro na terminologia, mais frequente que o anterior, é característico do Brasil. Para esclarecimento desta distinção é parafraseado a preposição da teoria gestaltélica que diz que as partes não devem ser tomadas pelo todo, desta forma a psicologia hospitalar deve ser entendida como uma área da psicologia da saúde que utiliza os conhecimentos da mesma dentro do hospital e não como outra área em particular.
   Além disso, no Brasil as especializações e a identidade do psicólogo especialista geralmente se caracterizam pelo locus de atuação. Assim como temos psicólogo hospitalar, para os que atuam em hospitais, temos o psicólogo escolar para aqueles que atuam em escolas, aspecto este não encontrado em outros países, onde as especializações e identidade dão-se pelas práticas realizadas pelo psicólogo.
     O próprio Conselho Federal de Psicologia favorece para esta confusão de terminologias ao possibilitar uma especialização com o nome hospitalar, ao mesmo tempo não oferecendo a mesma para a psicologia da saúde.  A especialização em psicologia hospital ocorre apenas no Brasil segundo estudos de Elisa Castro e Ellen Bornholdt 2004.
     O autor relata que embora a psicologia da saúde venha crescendo no cenário brasileiro, o Brasil ainda é carente de produções científicas nacionais suficientes para a disseminação de conhecimentos que garantam a formação de profissionais especialistas, carecendo também de instrumentos de mensuração para diversos aspectos comportamentais e cognitivos, como por exemplo, para o estudo de transtornos como ansiedade e depressão, sendo geralmente utilizados instrumentos de origem estrangeira, que são traduzidos e normatizados, a exemplo das escalas de Beck para depressão e ansiedade.
     Diante do exposto, embora a psicologia da saúde esteja em crescimento, este se dá de forma lenta, no entanto, Goraybed em seu discurso, este baseado por experiências e aprendizados no convívio com personagens importantes, valendo mencionar Mathilde Neder e Raquel Rodrigues Kerbaury ambas professoras e pesquisadoras, apresenta em visão otimista medidas que podem servir para ascensão desta área no Brasil, como a implementação em nível de graduação de disciplinas que tratem desta temática, e a nível de pós-graduação, a realização de especialização na área da psicologia da saúde.
  Trabalhos como estes que apresentam questionamentos e possíveis soluções funcionam como desencadeadores para mudanças, embora estas não se deem sem desafios e dificuldades, além do mais, a psicologia assim como a psicologia da saúde são recentes no Brasil e só gradativamente vão expandindo seu conhecimento.


Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.